Conselho aprova nova técnica para tratar próstata aumentada
Procedimento menos invasivo foi desenvolvido no HC, onde hoje é feito em forma de pesquisa
Paciente recebe anestesia local e pode deixar o hospital no mesmo dia; problema é comum em idosos
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
Um parecer aprovado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) abre caminho
para a utilização no Brasil de uma técnica menos invasiva para tratar o
aumento benigno da próstata (hiperplasia), problema que atinge cerca de
50% dos homens com mais de 50 anos.
Paciente recebe anestesia local e pode deixar o hospital no mesmo dia; problema é comum em idosos
Trata-se da embolização das artérias da próstata, que pode servir como alternativa a medicamentos e a outros procedimentos cirúrgicos.
A técnica foi desenvolvida por médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde vem sendo usada na forma de pesquisa, e já está sob avaliação do governo americano.
Consiste no uso de um pequeno tubo, que entra pela virilha e, guiado por um aparelho que emite raio X, percorre vasos sanguíneos até a próstata. Lá, uma substância é liberada a fim de obstruir parte do fluxo sanguíneo que alimenta a próstata, favorecendo a redução de seu tamanho e, assim, reduzindo a pressão do órgão sobre a uretra, diz Francisco Carnevale, chefe do serviço de radiologia intervencionista do HC.
Nela é usada anestesia local, e o paciente pode deixar o hospital no mesmo dia.
Cacilda Pedrosa, relatora do parecer do CFM, diz que ainda será preciso que o conselho aprove uma resolução sobre o tema para que o procedimento seja liberado em definitivo, o que deve ocorrer entre janeiro e fevereiro, diz.
Segundo Carnevale, o procedimento da embolização já é usado no país, mas para outras finalidades. Por exemplo, para atacar miomas uterinos e tumores no fígado.
Alberto Azoubel Antunes, urologista que chefia o serviço de próstata do Hospital das Clínicas, explica que a nova técnica beneficia sobretudo pacientes com obstrução leve --a maior parte dos casos--, aliviando sintomas como ardor e urgência para urinar e jato fraco de urina.
Miguel Srougi, professor titular de urologia da USP, diz que o procedimento foi utilizado em cerca de 60 pacientes nessa fase de pesquisa. Mais de 50 deles voltaram a urinar normalmente, sendo que não houve complicações em nenhum dos casos.
Segundo Srougi, a técnica é segura e apresentou resultados sólidos, embora haja algumas críticas no meio médico sobre o procedimento. "Se [a técnica] pegar, a cirurgia mais realizada em próstata vai deixar de ser feita num grupo grande de pacientes", afirma o médico.
PARECER
Após cerca de quatro anos utilizando a técnica no Brasil dentro de
protocolos de pesquisa, o grupo solicitou ao CFM o reconhecimento da
nova técnica. Em parecer aprovado no fim de 2013, o conselho reconheceu
os benefícios da embolização, chancelando seu uso desde que cumpridos
alguns requisitos.
Por exemplo, a consulta a um urologista e a realização da técnica por médico formado em radiologia intervencionista credenciado e capacitado para o procedimento. O parecer também vincula a liberação da técnica ao acompanhamento dos resultados, pelo CFM, por até cinco anos.
Carnevale explica que a proposta é criar centros de capacitação de profissionais para a utilização da técnica em outros hospitais do país, em conjunto com sociedades da área.
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