Sublevação governista transforma a megacoligação de Dilma em minoria
Às
vésperas do Carnaval, o bloco governista colocou Dilma Rousseff e seus
operadores políticos para sambar miudinho no plenário do Câmara. Foi a
voto na noite passada um requerimento do PT propondo a retirada da pauta
de uma proposta da oposição. Prevê a criação de uma comissão de
deputados para apurar, em diligências externas, denúncia de pagamento de
propinas na Petrobras. O pedido do PT foi rejeitado por uma maioria
tonitruante: 261 a 80, mais quatro abstenções. Mantida na pauta, a
proposta tóxica será apreciada nesta quarta-feira.
Repetindo: sublevada, a megacoligação que dá suporte a Dilma foi reduzida a uma superminoria de 80 votos nessa votação. Uma conta simples permite dimensionar o desastre. Dos 513 deputados com assento na Câmara, apenas 100 integram as bancadas de oposição: 44 do PSDB, 26 do DEM, oito do PPS e 22 do seminovo Solidariedade. Adicionando-se a essa conta os três votos do PSOL, chega-se a 103. Quer dizer: em tese, o governo dispõe de um potencial de mais de 400 votos na Câmara. Desses, só conseguiu arrastar para o painel eletrônico 80 —é menos do que a totalidade da bancada do PT, composta de 87 cabeças.
Chico Alencar (PSOL-RJ), um ex-petista, resumiu a cena: “Antecipamos o Carnaval. Com um samba meio atravessado, o bloco ‘Desunidos do Governo’ está involuindo na Avenida.” Favorável à apuração da denúncia contra a Petrobras, Chico ruminava uma dúvida. Os passistas sublevados do governo “querem realmente investigar ou se valorizam para pleitear mais cargos?” Em meio essa atmosfera de skindô-skindô, Chico definiu a sessão: “Isso aqui virou um baile de máscaras.”
O bloco de Dilma começou a desandar na semana passada. Entrou em colapso porque os líderes do condomínio —à frente o PMDB— quiseram dar uma demonstração de força ao Planalto. O mais constrangedor é que eles fizeram isso um dia depois de se reunir com o vice-presidente Michel Temer e com os dois ministros aos quais Dilma terceirizou a administração do balcão: Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Sentindo-se desprestigiados, os revoltosos foram à reunião para ser adulados. Saíram da conversa sentindo-se chicoteados por Mercadante. O ministro disse aos líderes, com outras palavras, que Dilma está praticamente reeleita, tem palanques de sobra nos Estados e já nem consegue acomodar tantos aliados na Esplanada. Foi como se dissesse que rompimento numa hora dessas é sinônimo de burrice. Embora ninguém se anime a falar em separação, Mercadante conseguiu piorar humores que já estavam péssimos.
Na definição de um dos líderes insatisfeitos, o governo trata seus aliados como “otários necessários”. São otários porque permanecem do lado do Planalto mesmo achando que governo os logra em tudo, não apenas no balcão das emendas. São necessários porque o governo exige que a maioria faça seu papel de otário para que a presidente se reeleja e garanta a felicidade eterna aos brasileiros. Abespinharam-se com Mercadante porque avaliam que Dilma não estaria onde seu ministro imagina que ela está se os otários não estivessem compenetrados no seu papel.
Administrador de uma Casa paralisada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PDMB-RN), diz sob holofotes que a revolta dos partidos governistas visa a autovalorização, não a desvalorização de Dilma. O problema é que, aos olhos do Planalto, governista que se autovaloriza alvejando a Petrobras é oposicionista.
Repetindo: sublevada, a megacoligação que dá suporte a Dilma foi reduzida a uma superminoria de 80 votos nessa votação. Uma conta simples permite dimensionar o desastre. Dos 513 deputados com assento na Câmara, apenas 100 integram as bancadas de oposição: 44 do PSDB, 26 do DEM, oito do PPS e 22 do seminovo Solidariedade. Adicionando-se a essa conta os três votos do PSOL, chega-se a 103. Quer dizer: em tese, o governo dispõe de um potencial de mais de 400 votos na Câmara. Desses, só conseguiu arrastar para o painel eletrônico 80 —é menos do que a totalidade da bancada do PT, composta de 87 cabeças.
Chico Alencar (PSOL-RJ), um ex-petista, resumiu a cena: “Antecipamos o Carnaval. Com um samba meio atravessado, o bloco ‘Desunidos do Governo’ está involuindo na Avenida.” Favorável à apuração da denúncia contra a Petrobras, Chico ruminava uma dúvida. Os passistas sublevados do governo “querem realmente investigar ou se valorizam para pleitear mais cargos?” Em meio essa atmosfera de skindô-skindô, Chico definiu a sessão: “Isso aqui virou um baile de máscaras.”
O bloco de Dilma começou a desandar na semana passada. Entrou em colapso porque os líderes do condomínio —à frente o PMDB— quiseram dar uma demonstração de força ao Planalto. O mais constrangedor é que eles fizeram isso um dia depois de se reunir com o vice-presidente Michel Temer e com os dois ministros aos quais Dilma terceirizou a administração do balcão: Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Sentindo-se desprestigiados, os revoltosos foram à reunião para ser adulados. Saíram da conversa sentindo-se chicoteados por Mercadante. O ministro disse aos líderes, com outras palavras, que Dilma está praticamente reeleita, tem palanques de sobra nos Estados e já nem consegue acomodar tantos aliados na Esplanada. Foi como se dissesse que rompimento numa hora dessas é sinônimo de burrice. Embora ninguém se anime a falar em separação, Mercadante conseguiu piorar humores que já estavam péssimos.
Na definição de um dos líderes insatisfeitos, o governo trata seus aliados como “otários necessários”. São otários porque permanecem do lado do Planalto mesmo achando que governo os logra em tudo, não apenas no balcão das emendas. São necessários porque o governo exige que a maioria faça seu papel de otário para que a presidente se reeleja e garanta a felicidade eterna aos brasileiros. Abespinharam-se com Mercadante porque avaliam que Dilma não estaria onde seu ministro imagina que ela está se os otários não estivessem compenetrados no seu papel.
Administrador de uma Casa paralisada, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PDMB-RN), diz sob holofotes que a revolta dos partidos governistas visa a autovalorização, não a desvalorização de Dilma. O problema é que, aos olhos do Planalto, governista que se autovaloriza alvejando a Petrobras é oposicionista.
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