Polícias Civil e Federal realizam ato público
jessicafortes@oestadoce.com.br
Parte do aterro da Praia de Iracema transformou-se em um cemitério, na manhã de ontem. Cerca de 4.400 cruzes foram colocadas na areia, representando o número de homicídios ocorridos, em Fortaleza, em 2013. Uma ação do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira (Sinpol-CE) e do Sindicato dos Policiais Federais (Sinpof-CE), contra a impunidade, corrupção, por segurança pública e pela valorização profissional dos servidores das duas instituições.
O número de homicídios choca a população, mas segundo o diretor do Sinpol, Lucas Oliveira, o mais chocante é a pequena quantidade de casos apurados. “Infelizmente, apenas 5% dos crimes são apurados e chega-se aos autores, muitos só são investigados por conta da grande repercussão que ganham”, comenta.
Carlos Façanha, presidente do Sinpof, destaca que o pequeno número de casos apurados se dá pela inoperância da polícia, que está com um sistema ultrapassado por falta de investimentos. “Tudo o que o policial vai fazer, tem que passar pelo delegado, é ele quem autoriza a investigação e abre ou não um inquérito. Isso deixa o sistema emperrado, é uma estrutura que não funciona mais, dada a quantidade de inquéritos em cada delegacia”.
ATO PÚBLICO
Mais do que melhores salários e melhores condições de trabalho, a categoria uniu-se em prol de toda a sociedade, que clama por segurança e mudanças no sistema. Façanha ressalta que é muito importante que toda a população se comprometa a exigir do governo investimentos não só na segurança, mas na educação, na saúde e em empregos, pois só melhorando o País, a violência irá diminuir. “Precisamos debater e saber o porquê de tanta insegurança, por que tantos jovens se envolvem em crimes. Não basta simplesmente prender, ou matar um bandido para se defender. Se ficarmos apenas nos defendendo de marginais, vamos entrar em uma guerra”. E completa, reafirmando a necessidade de se estruturar a segurança pública para investigação dos casos. “Só assim, o crime será cortado pela raiz”.
“POLÍCIA LEGAL”
Buscando sensibilizar o governador Cid Gomes e o secretário de Segurança do Estado, Servilho Silva de Paiva, para o sucateamento das polícias judiciárias, a categoria, também, reivindica o aumento do efetivo. Oliveira lembra que a falta de profissionais, também, afeta na investigação dos casos. “Atualmente, somos apenas 2.500 políciais civis, na década de 80, éramos o dobro e a população cearense praticamente dobrou neste período. Isso mostra que houve uma redução drástica do número de policias. Dado este sucateamento e a falta de incentivo para a categoria, os profissionais não conseguem trabalhar da forma eficaz. Isso afeta as investigações”, lembra.
Com o objetivo de mostrar a real situação da segurança pública do estado do Ceará, o Sinpol criou o movimento “Polícia Legal”, que realiza uma série de atividades junto aos policiais civis. Uma das ações do movimento foi a instalação de outdoors em pontos estratégicos da cidade apresentando a violência em números. Um deles foi instalado próximo à sede da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), que divulgou redução do número de assaltos no Ceará, em 45%.
Mas de acordo com o presidente do Sinpol, Gustavo Simplício, os números não refletem a realidade. “Não foi levado em conta o mês de janeiro, onde muitos boletins de ocorrência deixaram de ser feitos por falta de delegados nas unidades”, explicou.
Representantes dos dois sindicatos pretendem reunir-se ainda esta semana para traçar os rumos do movimento. Segundo assessoria, uma assembleia decidirá os próximos passos da categoria e sobre possíveis paralisações pontuais.
EM TEMPO
Filiados do Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Estado do Ceará, SINDASP/CE, decidiram em Assembleia realizada neste final de semana, paralisar as atividades a partir do dia 1o de março, período em que se comemora o Carnaval, caso não haja a sinalização da Secretaria de Justiça, Sejus, em relação às demandas da categoria.
Os servidores deliberaram sobre pontos que foram discutidos em janeiro passado, entre eles: auxílio alimentação, Gratificação de Atividades Especiais e de Risco (GAER) de 100%, nomeação de todo cadastro de reserva e acautelamento de pistolas para todos os agentes. Os 754 agentes, que foram aprovados em 2011, mas que continuam aguardando a nomeação marcaram presença no movimento. A categoria decidiu fazer uma doação de sangue no Hemoce, ainda esta semana, e marcou para amanhã, às 15h, uma passeata que terá como ponto de concentração a Secretaria da Justiça.
Na ocasião, o presidente Valdemiro Barbosa denunciou que os novos agentes penitenciários foram ameaçados pela Sejus, caso participem do movimento. “Não vamos aceitar as ameaças, isso é assédio moral”. O presidente prometeu acompanhar a denúncia feita pelo servidor.
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