Carlos Chagas
MAIS UM PAPELÃO NO SENADO
Na tarde de terça-feira 68 senadores
acusaram presença na sessão deliberativa encerrada às 19 horas, mas
quando se dirigiram ao plenário da Câmara, para reunião conjunta do
Congresso Nacional, apenas 15 compareceram. Eram necessários 41 para
iniciar a apreciação do veto aposto pela presidente Dilma ao projeto de
criação de 180 novos municípios. A conclusão é de que 53 senadores
escafederam-se. Perderam-se nos corredores do Legislativo, foram para
casa ou jantaram antes da hora, nos restaurantes de luxo de Brasília.
O resultado foi que não havendo votação entre os
senadores, automaticamente ficou suprimida a votação entre os deputados,
que deveria seguir-se. Na Câmara, o quorum era de 379, sendo que
bastariam 257 para apreciar o veto, calculando-se que pelo menos 200,
inclusive de partidos da base oficial, votariam contra a decisão da
presidente Dilma.
De todos esses números sobrou inequívoco mau cheiro,
porque o veto seria derrubado e os novos municípios criados,
beneficiando em especial os estados do Norte, onde muitas vezes
distritos são separados da sede de seus municípios por 500 e até mil
quilômetros, merecendo, assim, tornar-se independentes.
Foram os senadores governistas os responsáveis pela
monumental garfada nas tendências da maioria parlamentar. Para agradar a
presidente faltaram ao dever principal que é exercer o respectivo
mandato. Votar em favor do governo é um direito do qual abriram mão pelo
artifício de não votar, coisa que contraria a mais simples das regras
da democracia. Serão compensados, é claro, mas a ninguém será dado
contestar que fizeram um papelão. Com o PT à frente, inverteram a
equação,apoiados pelos colegas do PMDB, quase todos, bem como dos demais
penduricalhos.
Eis uma evidência a mais de como se faz a má política
no Congresso. Um artifício regimental, com os partidos entrando em
obstrução, mesmo os governistas, salvou a apreciação do veto, que ficou
para daqui um mês. Até lá o palácio do Planalto inventará novas firulas
para não deixar que Dilma seja derrotada. Provavelmente mobilizando seus
senadores para outra sessão de ausências. Enquanto isso, são
prejudicados estados do Norte, onde as distâncias travam o
desenvolvimento.
O pretexto para o veto foi a necessidade de evitar
aumento de despesas. Há controvérsias, depois que bilhões dos cofres
públicos tem sido gastos na construção de monumentais estádios de
futebol.
ELES TEM, NÓS NÃO TEMOS
Em recente entrevista o ex-presidente do BNDES,
Carlos Lessa, contesta a generalização de que todos os Brics se
equivalem. Não é verdade, porque Rússia, Índia e China possuem a bomba
atômica e dispões de submarinos nucleares, além de já terem iniciado
incursões pelo espaço. Quanto a nós…
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