Cresce na Europa a influência da tradição
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Gregório Vivanco Lopes (*)
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Sob
certo ponto de vista, um tanto simplificado, pode-se considerar a
existência de duas Europas: a do passado e a do presente. De modo geral,
constata-se que os turistas buscam a do passado e os europeus atuais
vivem na do presente.
Chamo
de Europa do presente aquela já bastante massificada, na qual vão se
diluindo as características próprias, tanto as nacionais quanto as
regionais, e até mesmo as diferenças entre os sexos.
O tipo humano é cada vez mais globalizado; nos trajes reina o jeans;
o pudor desaparece e o seminudismo afirma-se; a arquitetura é calcada
no modelo norte-americano, simplificada e sem beleza; a correria para o
trabalho é norma; as preocupações materiais primam sobre as espirituais;
o ateísmo prático vai deslizando para o socialismo e o ecologismo.
É a Europa da pirâmide mitterandiana do Louvre, do vocabulário empobrecido e das palavras pronunciadas de modo truncado, da mentalidade disseminada pela União Europeia, a Europa da Revolução.
A
Europa do passado é representada pelos monumentos esplendorosos
deixados pela civilização cristã –– catedrais e igrejas, castelos
magníficos e residências camponesas encantadoras, ao lado de
confortáveis casas burguesas; pelas cenas da vida de outrora, amena,
agradável, aconchegada ou então solene, sempre elevada, carregada de
simbolismo como foi retratada nos quadros de grandes pintores; pelos
trajes expostos nos museus, esfuziantes de beleza e distinção quando dos
nobres, ou de um pitoresco colorido e gracioso quando populares, todos
eles moralizados.
É a Europa da Sainte Chapelle
e de São Luís IX; da Reconquista espanhola e de São Fernando de
Castela; de São Bento e Carlos Magno; das Cruzadas; da devoção ao
Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora. É a Europa da tradição.
Cumpre,
contudo, esclarecer um ponto, sem o que se corre o risco de não
entender o que se passa presentemente. As duas Europas não são
estanques, elas se interpenetram. E a Europa do passado continua de
algum modo a viver nos habitantes atuais, a não ser nos casos de uma
rejeição consciente. E exerce sobre eles uma influência que é maior ou
menor segundo os países, as regiões e as pessoas, mas sempre ponderável.
O
aspecto mais novo dentro desse quadro é que o apego ao passado
esplendoroso da Europa, que antes vinha diminuindo gradativamente, de
uns tempos para cá começou a crescer. Porém, a Europa nova, de maneiras
revolucionárias, também continua seu avanço nos costumes, nas
instituições, nas leis.
Dois
processos paralelos e opostos correm na sociedade, por vezes dentro de
uma mesma pessoa. Qual o futuro dessas duas tendências, incompatíveis
entre si?
“Quem viver, verá!”
(*) Gregório Vivanco Lopes é advogado
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Opinião
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