Dois a menos


Tenente que atirou alega legítima defesa
Os dois homens assassinados na Rua Bento Albuquerque, no bairro Cocó, em Fortaleza, quarta-feira (19), identificados como Auridiano Batista da Silva, 32 e Francisco Antônio do Monte, 28, segundo um dos autores dos disparos que matou a dupla, o tenente da Polícia Militar de Pernambuco, Wesley Sávio de Sá Alves, 31, foram atingidos após tentarem assaltar o carro do oficial. O tenente apresentou-se, ontem, à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e alegou ter agido em legítima defesa. Ele e o estudante Felipe da Silva Santos, 22, que estava no carro e também disparou contra a dupla serão indiciados por homicídio. A dupla assassinada não tinha passagem pela polícia. O inquérito deve ser concluído em 30 dias e remetido à Justiça.
Conforme o diretor da DHPP, Luiz Carlos Dantas, imediatamente após a ocorrência no bairro Cocó, que teve repercussão nas redes sociais, já que moradores dos prédios próximos à via filmaram a ação, a polícia foi acionada e iniciou as investigações. Na noite de quarta-feira, a polícia do Ceará conseguiu junto à polícia de Pernambuco informações sobre o veículo que era conduzido pelo tenente e aparece nas imagens.
INVESTIGAÇÕES
Dados preliminares indicaram que o carro pertence a um policial militar de Pernambuco, que estava no estado, mas que conforme a polícia teria emprestado o veículo a um estudante, que por sua vez, repassou o carro ao tenente Wesley Sávio. Na mesma noite, a polícia identificou que o tenente havia participado da ocorrência. Na manhã de ontem, o advogado do oficial de Pernambuco contactou a DHPP, e no final da manhã, o acusado apresentou-se.
Na DHPP, o tenente apresentou a arma usada contra os supostos assaltantes, sua pistola calibre ponto 40 e o revólver, que segundo o tenente, foi tomado da dupla. De acordo com a polícia, Wesley veio a Fortaleza visitar sua filha de nove anos, que segundo ele estava no carro no momento da abordagem.
“Fui para a Praia do Futuro e na volta, infelizmente, me deparei com uma situação que em 12 anos de polícia nunca tinha ocorrido. Dois elementos batendo no vidro já puxando o gatilho. Tive a reação imediata de proteger minha filha e minha família”, contou o oficial, que na tarde de ontem estava na DHPP. Além do estudante Felipe da Silva Santos, que segundo depoimento, após os disparos efetuados pelo policial teria descido do carro e tomado a arma dos supostos assaltantes e também disparado, havia mais três pessoas no veículo, uma delas a filha de nove anos do tenente.
As demais pessoas não foram incluídas nas investigações, pois não tiveram participação no crime. Indagado sobre o motivo de não ter acionado a polícia imediatamente após o crime, o tenente afirmou que “Uma situação dessa só sabe quem passa. Foram frações de segundo. Meu único pensamento era o bem da minha filha. Presenciar tudo isso já é um trauma muito grande. Tinha que dar o mínimo amparo para ela e sair dali”. 
PROCEDIMENTOS
Conforme o diretor da DHPP, Luiz Carlos Dantas, delegados da Divisão estiveram, ontem, no local da ocorrência e nas áreas onde as vítimas residiam (Jardim Fluminense e Rosalina). De acordo com informações apuradas pelos policiais nos locais de residência da dupla assassinada e relatadas pelo delegado Auridiano e Francisco eram envolvidos com assaltos. Porém, Dantas ressaltou que “não há constatação oficial dessas práticas”.
“Vamos confrontar essas versões, com outras testemunhas e com os vídeos que temos”, explicou o delegado da DHPP, Ricardo Romagnoli, que está presidindo o inquérito. “Até o momento, entendemos que foi legítima defesa diante de uma tentativa de assalto. Mas, devemos fazer acareações e, se necessário, submetê-los a exames”. Conforme o delegado, inicialmente, a prisão preventiva da dupla não será solicitada. Os acusados foram ouvidos e deverão voltar para suas atividades normais. “Mas isso não impede de representarmos pela prisão preventiva dos acusados no decorrer do inquérito”, esclareceu Ricardo.

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