Tucanos contra gordos
O primeiro-ministro Winston Churchill, que comandou a Inglaterra na
vitória da Segunda Guerra Mundial, era gordo. O ministro Delfim Netto,
que levou o Brasil às maiores taxas de crescimento da História, é gordo.
O general Ariel Sharon, fundamental na vitória de Israel na Guerra do
Yom Kippur, era gordo. O professor Henry Kissinger, Prêmio Nobel da Paz,
ex-secretário de Estado americano, disputado pelas melhores
universidades do mundo, é gordo.
Mas ser gordo, em São Paulo, é defeito que impede a nomeação de
professores aprovados em concurso. A socióloga Bruna Giordjiani de
Arruda foi impedida de assumir o emprego de professora. Segundo a
explicação, tem "obesidade mórbida, do ponto de vista legal". Não é apta
ao cargo público estadual. Enfim, teme-se que, com obesidade mórbida, a
professora esteja mais sujeita a doenças, que vão gerar despesas de
tratamento e provocarão faltas. Melhor deixar os alunos sem aulas.
Só ela? E os outros?
E fumantes, podem ser aceitos pelos cruzados da saúde? Pessoas com
histórico de parentes cardíacos também serão atingidas pelo veto? Que
tal um exame genético minucioso para garantir a eugenia do
funcionalismo? Deve haver mil explicações cheias de termos científicos
só compreensíveis para iniciados, mas a verdade é que estão
discriminando pessoas competentes por não se adequarem à verdade oficial
sobre o que é ou não saudável e bonito. O ex-secretário da Saúde,
Gonzalo Vecina, de ótimo desempenho, seria vetado? O governador Geraldo
Alckmin, quando quiser ser entrevistado, rejeitará o programa do Jô
Soares?
Carlos Brickman é jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário