A obra não é do PAC


Operário cai do 22o andar; é a sétima morte este ano
O operário da construção civil, Francisco Danilo Dantas, 23, morreu no início da tarde ontem, vítima de uma queda do vigésimo segundo andar de um prédio localizado na Rua Ana Bilhar, no bairro Varjota. De acordo com o primo da vítima, Fernando Inácio da Silva, 34, que, na hora do acidente, também trabalhava no canteiro, provavelmente, uma das cordas da cadeira que sustentava Francisco Danilo arrebentou, provocando o acidente.
“Ele estava descendo na cadeira, da cobertura para a balança, que estava no 13º andar, quando, de repente, o vi descendo de uma vez, mas não dá para dizer o que aconteceu”, relatou.
Outro primo da vítima, Valmir Bento de Cunha, 49, afirmou que só a perícia poderá dizer o que ocorreu, tendo em vista que Danilo estava com todos os equipamentos de segurança. “O cabo de seda (corda), o trava-queda e o cinto de segurança estão novos”, disse, presumindo que, devido à chuva, ou outra circunstância, os equipamentos podem ter soltados da base da cobertura. “Danilo veio do município de Ipu e deixou esposa e uma filha”, lamentou.
SEM SEGURANÇA
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), esta é a sétima morte de operários da construção civil só este ano. De acordo com o coordenador-geral da entidade, Nestor Bezerra, em 2013, quatro pessoas morreram em acidentes nos canteiros. Em 2012, vinte e duas pessoas morreram. “Isso mostra o descaso dos empresários com os trabalhadores da Construção Civil”, criticou Nestor, ressaltando que muitos operários trabalham com equipamentos sem qualidade, além de não saberem operá-los.
SINDUSCON
Em nota de esclarecimento ao Jornal O Estado, o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) lamentou a morte de Francisco Danilo Dantas e afirmou desconhecer os número de acidentes divulgados pelo STICCRMF, tendo em vista não serem dados de fonte oficial.
O Sindicato destaca que as empresas associadas seguem a legislação de segurança e saúde existente, com mais de 28 normas regulamentadoras, além das certificações de qualidade, como o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-h), OHSAS 18001, ISO 9001, entre outras. Além disso, assegurou que desenvolve programas como o de Qualidade de Vida na Construção, com oficinas para os operários, e Obra Segura, realizando o diagnóstico de saúde e segurança nos canteiros, apresentando relatório de melhorias continuadas, além da publicação de manuais técnicos e cartilhas ilustradas sobre os principais temas de segurança, e realização de cursos e seminários de capacitação.
TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL VÃO ÀS RUAS POR MELHORES CONDIÇÕES DE TRABALHO
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), as negociações que não avançam por melhores condições de trabalho, reajuste 15% do salário, aumento da cesta básica de R$ 65,00 para R$ 150,00, plano de saúde para todos os trabalhadores e a presença de 5% de mulheres nos canteiros de obras leva, quase que diariamente, operários da construção da civil a cruzarem os braços e protestarem nas ruas da Capital.
Sobre a pauta do aumento de salário, o diretor do Sinduscon, Heitor Studart, assegurou que os entendimentos estão chegando a um consenso, tendo em vista que a maioria da classe está aceitando o que foi proposto. Por outro lado, no que diz respeito ao plano de saúde para toda a categoria, afirma que o impasse continua, em virtude de os trabalhos não serem de tempo integral. “Acredito que logo vai aparecer uma solução, incluindo o plano de saúde, para que as paralisações terminem de vez”, diz.

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