TORTURA EM VIA
PÚBLICA
Barros Alves
Quarta-feira por volta das 16h 20min,
Avenida 13 de Maio nas proximidades da Igreja de Fátima. Dezenas de pessoas
presenciaram uma cena digna da mais pura barbárie, protagonizada por uma madame
e um homem à paisana. O indivíduo vestia bermudas, de arma em punho e dizendo-se
policial, arrastava pelos cabelos e, juntamente com a apoplética senhora, agredia
com socos e pontapés uma pobre negra, a qual diziam ter furtado não sei o que.
Na verdade, a jovem magricela torturada em plena via pública, com os olhos
arregalados de pavor nada tinha nas mãos e dava sinais de ser doente mental. Ou
quem sabe, estava muito transtornada pelo uso de drogas. Totalmente
imobilizada, deitada no chão da calçada com a pata do mastodonte no pescoço, a
jovem mulher recebia insistentes agressões físicas por parte da madame. Uma
cena da maior brutalidade que certamente jamais sairá da memória de quem a presenciou.
A atitude do elemento que gritava para
os circunstantes ser policial, agrediu não apenas aqueles que presenciavam a cena
(alguns aplaudiam a barbárie), mas além de configurar um crime dos mais graves
no ordenamento jurídico brasileiro, constitui, sobretudo, um atentado à
honorabilidade da mais que centenária
Polícia Militar do Ceará. Aliás, nem se sabe a qual das Polícias - se da Civil,
se da Militar – pertence o marginal autointitulado policial. Emocionalmente
desequilibrado, usando uma arma engatilhada em via pública, ameaçando com olhar
feroz e palavras de baixo calão aqueles que medrosamente o recriminavam, um brutamontes
desumano igual a esse não tem a mínima condição psíquica de representar o
Estado. Indiscutivelmente, na condição em que estava, se for mesmo militar, sequer
representava o Estado, pois devia estar a serviço da exaltada madame.
Chamada ao local, a viatura da Ronda do
Quarteirão chegou com estardalhaço e em vez de prender o marginal agressor de
uma indefesa mulher, - repito à saciedade -, TORTURADA EM PLENA VIA PÚBLICA À
LUZ DO DIA, levou a agredida como se fora perigosa bandida. A Polícia Militar
do Ceará certamente tem mecanismos de inteligência para descobrir o autor do
crime hediondo, uma pessoa totalmente incapaz para exercer as elevadas e
honrosas funções de dar segurança à sociedade. Não pode deixar de averiguar o
caso, sob pena de aliar-se a um marginal, que, segundo propalava, pertence ao
sistema institucional de segurança pública do Estado do Ceará.
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Barros Alves
Poeta, Jornalista, Assessor Parlamentar
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