Morador de rua acampa na calçada da Catedral e exige "aconchego" do Prefeito


Manifestantes pernoitam em frente à Prefeitura
Cerca de 200 pessoas, entre moradores de ruas e integrantes de movimentos sociais, estão acampadas desde a manhã de ontem, em frente ao Paço Municipal, reivindicando moradia digna, revisão da Lei do Aluguel Social, Instalação dos Conselhos Gestores das Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), além da implantação dos Planos de Regularização Fundiária e Urbanística nos termos do Plano Diretor de Fortaleza. Os manifestantes afirmam que só deixarão o local quando as reivindicações forem atendidas.
No acampamento armado em frente à sede da Prefeitura de Fortaleza e na calçada da Catedral Metropolitana, moradores de ruas e das comunidades Raízes da Praia (Praia do Futuro), Conjunto Palmeiras e Bom Jardim também reivindicam arborização das ruas e praças, melhorias nas infraestruturas de escolas, regularização fundiária, renovação do saneamento básico, esgotamento sanitário, entre outros. Já os ex-moradores da Comunidade Alto da Paz, que também participam do movimento, exigem que todas as famílias que tiveram suas casas demolidas no último dia 20 de fevereiro sejam contemplados com as unidades que estão sendo construídas no mesmo espaço.
“Precisamos de moradia, precisamos de saúde”, diz Emanuely Drummond, 26 anos, que pernoita na Praça do Ferreira. Conforme ele, por conta da Copa do Mundo, os moradores serão levados para albergues. “Isso não resolve o nosso problema. Estamos aqui, porque não temos casa, nem aconchego. Todo dia, aumenta o número de pessoas em situação de rua, e não vemos os governos se mobilizarem para acabar com o problema”, ressalta.
Na parede do Paço Municipal, cartazes foram pregados, reivindicando por mais saúde, moradia, educação e proteção do Parque do Cocó. José Luís, 38, ex-morador da Comunidade Alto da Paz, afirmou que até agora, as pessoas retiradas do terreno não tiveram sua situação resolvida.  “Muitas pessoas estão morando de favor na casa de familiares ou estão nas ruas. Até hoje, a Prefeitura não se prontificou em nos ajudar e não sabemos qual será nosso futuro”, disse.
HABITAFOR
Ao jornal O Estado, a Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor), assegurou que, os moradores do Alto da Paz estão todos sendo acompanhados e foram incluídos, com demanda prioritária, nos apartamentos que serão construídos no espaço que ocupavam, no âmbito do projeto Praça do Titã. Cerca de 340 famílias serão beneficiadas. De acordo com o órgão, o total de apartamentos construídos será de 1.452, que, além do público do Alto da Paz, receberá outras mil famílias do Serviluz/Titanzinho, quando for realizada a requalificação urbana da área. Conforme o ex-moradores, a lista da Instituição não está correta, deixando de fora, 87 famílias. Sobre a questão, a Habitafor informou que o contingente de 340 foi obtido por meio de quatro levantamentos na área.
ZEIS
Sobre a instalação dos Conselhos Gestores das Zeis, a Habitafor explanou que está estudando o conteúdo do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS), que serve de subsídio para o diagnóstico e produção do relatório acerca dos assentamentos precários presentes em Zeis, que, por sua vez, não constava dos arquivos nem da Instituição e nem do Gabinete da Prefeitura, perdido durante a transição de governos, de 2012 para 2013. Segundo o órgão, os dados foram apagados pela gestão da ex-prefeita Luizianne Lins.  “Tal documento está sendo finalizado para, em seguida, ser entregue à análise do prefeito Roberto Cláudio. Só depois deste estudo, poderemos estipular prazos para a efetivação das políticas de Zeis”, frisou.
Com relação à regularização fundiária, a meta da Prefeitura é regularizar 60 mil moradias em toda a cidade. No planejamento desta meta, estão incluídas as comunidades que reivindicaram ontem.
ALUGUEL SOCIAL
Conforme a Habitafor, a Lei do Programa de Locação Social foi modificada, por entender a que a demanda por aluguel social na cidade detém um número satisfatório para os casos que chegam à instituição e que estejam dentro dos critérios. “Não recebemos nenhuma demanda objetiva do grupo por aluguel social, mesmo que para esta ou aquela comunidade, somente a reivindicação pura e simples de aumento da meta. Sem demanda, não há justificava para revisão da lei, amplamente discutida na Câmara de Fortaleza e aprovada por unanimidade pelos vereadores”, realçou.
Oito líderes das entidades foram recebidos, na tarde de ontem, pela vice-presidente da Habitafor, Olinda Marques, e pelo coordenador de Participação Política do Gabinete do Prefeito, Lúcio Bruno. Por conta da pauta extensa, uma nova reunião acontecerá hoje. No próximo dia 28, para tratar dos problemas sociais, os líderes das entidades reuniram-se com o secretário do Instituto de Planejamento de Fortaleza (Iplanfor), Eudoro Santana.

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