Pe. Zé fala de Anchieta no Senado

 

PADRE ZÉ REPRESENTA O PP EM SESSÃO SOLENE DE HOMENAGEM AO PADRE ANCHIETA NO SENADO

 

O Deputado Pe. José Linhares esteve hoje no plenário do Senado proferindo pronunciamento em Sessão Solene do Congresso Nacional em Homenagem ao Santo Padre Anchieta.

Padre Zé, que esteve em Roma no último mês de abril, participando da Missa de Ação de Graças, presidida pelo Papa Francisco,  em homenagem ao novo Santo destacou que “ a contribuição de Padre Anchieta à formação de nossa nacionalidade, iniciada pela catequização e educação dos índios junto com o Padre Manuel da Nóbrega e pela fundação da Cidade de São Paulo, ocorrida a partir de um fluxo migratório de famílias indígenas e portuguesas, que deixaram suas terras para fixar-se próximo do Padre José de Anchieta no entorno do mencionado Colégio.
Confira a íntegra do pronunciamento:
Congresso Nacional
Sessão Solene destinada a homenagear o Santo Padre José de Anchieta, canonizado no último dia 03 de abril pelo Papa Francisco.

Plenário do Congresso Nacional
Dia 21.05.2014
(12:00h)

Senhor Presidente do Congresso Nacional
Senhoras e Senhores Senadores da República
Senhoras e Senhores Deputados Federais
Autoridades Civis, Militares e Eclesiásticas
Senhoras e Senhores Convidados
Senhoras e Senhores Jornalistas presentes
Senhoras e Senhores Servidores do Senado Federal e da Câmara dos Deputados

1.    Há alguns anos, importante educador, intelectual e homem público, em uma de suas inúmeras conferências, resolveu fazer uma instigante indagação à plateia, que eu me permito parafrasear neste momento, sensibilizado pela bonita Sessão Solene em Homenagem ao Santo Padre José de Anchieta:
“Daqui a duzentos (200) anos, quantos brasileiros serão lembrados pela população de nosso País?”

2.    Depois de um breve lapso de tempo, o próprio conferencista respondeu à questão. Muitos poucos, disse, citando na ocasião, apenas dois nomes.
3.    Refletindo sobre aquela indagação, concluí, em minha modesta avaliação, que entre esses poucos brasileiros, não sei se somente dois ou mais alguns poucos, estará certamente o Santo Padre José de Anchieta, que continuará a ser lembrado pela população brasileira, como ocorre desde 1554, quando o então jovem Padre recebeu de seu superior jesuíta a missão de subir a Serra do Mar para fundar um Colégio no Planalto de Piratininga, no centro da hoje Cidade de São Paulo.
4.    Sua inigualável atuação forjou uma indiscutível contribuição à formação de nossa nacionalidade, iniciada pela catequização e educação dos índios junto com o Padre Manuel da Nóbrega e pela fundação da Cidade de São Paulo, ocorrida a partir de um fluxo migratório de famílias indígenas e portuguesas, que deixaram suas terras para fixar-se próximo do Padre José de Anchieta no entorno do mencionado Colégio.
5.    Com o passar do tempo, esse casario transformou-se em aldeamento, este em Vila e esta na pujante Cidade de São Paulo, que deve o crédito de sua origem à ação educadora e pastoral do celebrado Padre José de Anchieta, este que é lembrado e homenageado com a denominação de igrejas, altares, escolas, hospitais, ruas e prédios públicos e por inúmeras orações elaboradas em seu nome.
6.    As Senhoras e Senhores poderiam indagar, mas Deputado José Linhares, qual é a razão de tanta certeza quanto à continuação desse amor e reconhecimento da população brasileira ao trabalho do Padre José de Anchieta.
7.    Ora, Senhoras e Senhores. Já se passaram 416 anos, 11 meses e onze dias do prematuro falecimento do Padre José de Anchieta. Ele havia completado 63 anos, em 19 de março de 1597, porém, dotado de uma energia quase sobre-humana, havia empreendido em seu trabalho no Brasil, naquela época Colônia de Portugal, uma missão apostolar, educacional e assistencial inimaginável, que compreendia longas viagens a pé, sob sol inclemente ou chuva copiosa, que com o tempo, debilitaram sua saúde, trazendo-lhe dores atrozes na coluna e nas articulações.
8.    Convém recordar que Anchieta, nascido em 19 de março de 1534 na Cidade Tenerife, nas Ilhas Canárias, e com uma ascendência nobre pela parte do pai e judaica pelo lado materno, fora levado para Portugal aos 14 anos de idade para que tivesse uma sólida formação intelectual, tendo iniciado seus estudos de filosofia no Colégio das Artes, pertencente à secular Universidade de Coimbra. Aos 17 anos ingressou na Companhia de Jesus para assim habilitar-se a participar do processo de expansão do cristianismo em terras do Novo Mundo. Surgida a oportunidade de vir para a então Colônia Brasil, Anchieta não pensou, e apesar de seu promissor futuro em Portugal, juntou sua trouxa, despediu-se da família e dos amigos e simplesmente veio.
9.    Veio para o Brasil aos 19 anos de idade acompanhando a esquadra que trouxe o Governador-Geral Duarte da Costa em 1553, e os 44 anos que lhe sobrevieram de vida, viveu-os aqui. Assim, continua vivo entre nós, e assim será pela eternidade. Tudo por um comportamento e atitude exemplares, traduzidos por uma pequena palavra, que hoje tem sido mal utilizada. Refiro-me à expressão “legado” recorrentemente repetida para se explicitar os eventuais benefícios das obras relacionadas, por exemplo, à realização da Copa do Mundo FIFA-2014 e às Olimpíadas de 2016 que acontecerão no Rio de Janeiro.
10.                      O legado do Padre José de Anchieta é de natureza imaterial e não se confunde com a herança de bens materiais que se deterioram no tempo ou se tornam obsoletos. Por isso o legado do Padre Anchieta deixou lembranças indeléveis na consciência da população brasileira que vai passando de geração para geração. Trata-se de seu profundo amor ao próximo, expressado no dia-a-dia de seu trabalho como educador, como missionário, como provedor de assistência espiritual e psicológica aos indígenas e portugueses dos estratos mais simples da população e como fundador da Cidade de São Paulo, bem como de seu interesse em conhecer profundamente a língua dos nativos, que lhe permitiu rapidamente perceber que as línguas faladas por várias tribos tinham uma mesma raiz formada por aspectos semânticos, gramaticais e vocabulares em comum, de essencial importância para a consolidação do projeto evangelizador dos jesuítas, sendo que os textos e apresentações artísticas eram produzidos na língua nativa como forma de facilitar a sua conversão ao cristianismo.
11.                      Em 1567, Anchieta alcançou o cargo de Provincial, que correspondia ao mais alto posto da Ordem de Jesus, que estava vago após a morte do Padre Manuel da Nóbrega. A partir de então, o Padre Anchieta andou por toda a extensão do território da Colônia orientando as atividades das várias missões jesuítas instaladas no Brasil.
12.                      O Papa João Paulo II, em 1980, beatificou o Padre Anchieta após o desenrolar de um lento processo de investigação que caracteriza esse procedimento de beatificação.
13.                      Portanto, a canonização do Padre Anchieta pelo Papa Francisco, agora Santo Padre José de Anchieta, era apenas uma questão de tempo, já que seu inestimável trabalho no Brasil há séculos é reconhecido no País, que o considera, de fato, um verdadeiro brasileiro.
14.                      Senhoras e Senhores, agradeço a atenção de todos, e a oportunidade de participar de uma solenidade marcante do Congresso Nacional. Peço a Deus uma benção para todos os presentes e afirmo que um País que tem o legado do Santo Padre José de Anchieta é um País que tem jeito. Peço que reflitam sobre o desenvolvimento do Brasil, como Padre Anchieta já pensava desde 1553. Que este desenvolvimento encontra-se, sem dúvida, no investimento massivo no segmento da educação.       
Muito obrigado

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