Com a decisão de ontem, a petista obtém cerca de 2 minutos e 20 segundos (em cada bloco de 25 minutos) na propaganda eleitoral na TV, que é o principal instrumento das campanhas políticas. O espaço no chamado “palanque eletrônico” é definido, principalmente, pelo tamanho dos partidos coligados.
O evento peemedebista, realizado no Senado, em Brasília, foi pontuado por reclamações de falta de apoio do partido da presidente da República aos candidatos do PMDB, principalmente no Rio de Janeiro, onde a legenda terá o PT como adversário na tentativa de reeleger Luiz Fernando Pezão. A ala contrária a Dilma chegou a discursar contra a aliança e a distribuir panfletos em que acusa o governo de ineficiência e corrupção.
Maior aliado do PT na coalizão dilmista, o PMDB possui cinco ministérios, mas reclama constantemente que seu espaço é pequeno e que não tem autonomia total nas pastas sob sua responsabilidade.
Na abertura da convenção, o vice-presidente da República, Michel Temer, minimizou a dissidência e afirmou que a manutenção da aliança com o PT visa “abrir as portas” para que no futuro “o PMDB ocupe todos os espaços políticos, para o bem dos brasileiros”. Dizendo que o partido é o responsável pela “grande revolução social neste país”, Temer afirmou que não acreditava nas “intrigas” que, segundo ele, apontavam para traições. Com a vitória de sua ala, Temer será novamente o vice na chapa de Dilma.
Antes de discursar, Temer repetiu que estaria satisfeito mesmo que a aliança fosse aprovada até mesmo por margem mínima. E negou constrangimento: “Isso é comum no PMDB, se a gente não se acostumar com isso depois de 40 anos, não dá para fazer política”.
Em sua fala, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que o partido apresentará propostas de governo a Dilma, entre elas o ensino em tempo integral e a “defesa permanente da liberdade de expressão e pensamento”. “Disso o PMDB não abre mão”, afirmou Raupp. Setores do PT defendem propostas de regulação da mídia. O ex-governador Roberto Requião (PMDB-PR) tem proposta similar, mas ela não encontra respaldo na cúpula peemedebista.
REBELIÃO
Alas do PMDB ameaçaram nos últimos meses romper a aliança e, inclusive, lideraram na Câmara dos Deputados uma rebelião contra o Palácio do Planalto. Na lista de insatisfações, falta de interlocução com Dilma, reivindicação de maior espaço no governo e de apoio do PT às suas candidaturas nos Estados.
Nos discursos da convenção, coube à seção do Rio os maiores ataques. O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, afirmou que o partido devolverá “na mesma moeda” eventuais acusações que Pezão sofrer do PT. O partido de Dilma deve lançar na disputa o senador Lindberg Farias.
Segundo Paes, o PT não tem sido patriótico em vários Estados. No Estado a maioria do PMDB deve apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Segundo a cúpula da legenda no Estado, o principal culpado disso é o PT. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, também reclamou em discurso não receber o apoio do PT em seu Estado.
Um dos peemedebistas mais críticos à aliança da legenda com Dilma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima diz que o apoio seria aprovado por causa de Michel Temer. “Dilma deve ir à nossa senhora aparecida porque Temer a está levando nas costas”.
Outro opositor à aliança, o deputado federal Danilo Forte pediu que o apoio ao PT não fosse aprovado. “Meu coração é Eduardo Campos, pena que ele está patinando. Marina [Silva] acabou com ele”. Segundo o deputado, ele e o senador Eunício Oliveira “carregaram Michel no ombro em 2010”. “Agora não dá mais: ou salva o Brasil ou o PT”, disse ele à Folha.
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