Bom dia

Um cronista por excelência
Sebastião Nery, um dos maiores e mais polêmicos jornalistas brasileiros, reúne seus melhores textos, revelações e reminiscências em Ninguém me contou eu vi
Houve um tempo em que os jornalistas brasileiros escreviam reportagens e artigos sobre o que viam e viviam — sem usar o telefone e o Google. Sebastião Nery, 82 anos, é um deles. Nery, com sua independência e vastíssima cultura, é observador e personagem da cena política brasileira há exatamente 60 anos.
Ninguém me contou eu vi traz artigos, ensaios e reminiscências de Sebastião Nery desde 1953 a 2013 — seis décadas de fatos sobre os quais escreveu não de ouvir contar, não apurou por telefone nem pesquisou na internet. Ele viu. De alguns, participou.
Nascido na Bahia, sobrevivente de um parto difícil — quando criança recebeu o apelido de “defuntinho” — Sebastião Nery estudou em seminário católico, estudou Filosofia e Direito, aprendeu a pensar sozinho e engajou-se nos movimentos estudantis e nos principais levantes políticos que sacudiram o Brasil num tempo em que a democracia era bem mais frágil do que hoje e as chamadas “elites” chamavam os militares quando sentiam o “povo” chegar muito perto do poder.
Quando Getúlio Vargas se matou, em agosto de 1954, Sebastião Nery estava lá. Dez anos depois, quando as tropas do general Olympio Mourão Filho saíram de Minas na direção do Rio, para encantoar o presidente João Goulart, deflagrando o golpe militar de 64, Nery também estava lá. Assim como estava no centro dos acontecimentos quando Jânio Quadros renunciou ou, mais tarde, quando boa parte dos políticos e intelectuais de esquerda mais ativos deixaram o país, para não morrer.
Nery tornou-se famoso pelos casos do folclore político que juntou numa série de livros transformados em best–sellers nos anos 1970; incendiou a vida nacional com seus artigos polêmicos no semanário Politika ou nos jornais Tribuna da Imprensa, Última Hora e Folha de S. Paulo; espantou os telespectadores com sua figura agitadíssima na televisão e surpreendeu a todos quando, no governo Collor, acabou adido cultural em Paris.
Ele já havia sido, até então, além de jornalista, deputado e fiel escudeiro do exilado Leonel Brizola, o incendiário cunhado do presidente deposto João Goulart. Seu estilo independente lhe rendeu processos, prisões, cassação de direitos políticos e  perseguições, tanto pela polícia política quanto pelos chamados “patrulheiros ideológicos”. Foi e continua sendo o jornalista mais polêmico do país.
Os textos deste livro, ao englobar seis décadas de história, formam um impressionante arquivo de biografias, fatos e revelações envolvendo os grandes nomes da política brasileira, desde a Era Vargas até os dias de hoje.
Relidas agora, entrevistas com verdadeiras lendas de nossa história política do passado nos fazem refletir sobre a mediocridade da cena atual. Infelizmente a história recente não nos deu muitos personagens à altura dos imponentemente trágicos Cordeiro de Farias, Luís Carlos Prestes, Oscar Pedroso Horta, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Carlos Lacerda, João Goulart, Leonel Brizola, Tancredo Neves.
Ler as histórias de Sebastião Nery, agora reunidas neste livro, nos permite sorrir e ter  saudade de um tempo em que era possível fazer história participando dela — como Sebastião Nery fez.


NINGUÉM ME CONTOU EU VI
Autor: Sebastião Nery
Gênero: Reportagem
Acabamento: Brochura
Edição: 1ª
Formato: 15,6x23 cm
Páginas: 528
Peso: 757g
ISBN: 9788581302102
Selo: Geração
Preço: R$ 54,90
E-book
eISBN: 9788581302119
Preço: R$ 24,90

Sebastião Nery é jornalista e meu amigo.

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