Opinião
Coisas da Política
A chantagem e o oportunismo
Mauro Santayana
Os metroviários de São Paulo, em assembleia, decidiram manter a greve, que já dura cinco dias, na maior cidade do país, apesar da decisão em contrário da Justiça, que mandou que retornassem ao trabalho, sob pena de pagamento de 500 mil reais de multa, pelo sindicato da categoria, a cada dia de paralisação.
Com isso, milhões de passageiros continuaram dependendo, apenas, das poucas estações que estão em funcionamento e sobrecarregou-se o sistema de transporte em outras modalidades, como os ônibus, os trens da CPT e o tráfego de automóveis, com a liberação do rodízio de carros que normalmente vige na capital paulista.
A greve dos metroviários é contra o governo de São Paulo, ou contra o governo federal? Ela atinge igualmente os dois, mas, principalmente, o povo. E deveria servir de alerta para aqueles que — em diferentes faixas do espectro político — acham que a disseminação do caos pode vir a ajudar a oposição.
Com todo o respeito pelo direito de manifestação, a maioria da população, que em lugar de estar nas ruas, está tentando trabalhar normalmente todos os dias, e cuidar de sua vida, já está começando a ficar cansada de ser diretamente prejudicada pela insatisfação de certos setores que, aproveitando-se do início iminente da Copa do Mundo, insistem em arrancar, a fórceps, benefícios aos quais quase nunca tem acesso o brasileiro comum.
Os metroviários de SP insistem em arrancar, a fórceps, benefícios aos quais quase nunca tem acesso o brasileiro comum
Os metroviários, assim como outras categorias de trabalhadores que prestam serviços essenciais à população, precisam saber que, além de maior estabilidade que os outros trabalhadores, eles também têm outros privilégios, como aumentos de salário superiores ao que recebe, todos os anos, a base da pirâmide social.
A imensa maioria dos cidadãos brasileiros, se faltar ao trabalho sem motivo, vai para o olho da rua, mora longe e depende de ônibus e de metrô, operados por uma ínfima minoria, para trabalhar, estudar, levar os filhos à escola ou ir ao banco e ao posto de saúde.
Se os metroviários de São Paulo fossem um bando de famintos, com crianças chorando em casa, por causa de um pouco de leite, ou estivessem sendo tratados como párias, como ocorre com os intocáveis da Índia, ou antes, com os negros sul-africanos, à época do Apartheid, seria compreensível sua atitude.
Ao desobedecer à decisão da Justiça e insistir em manter a paralisação, prejudicando milhões de paulistanos, às vésperas de um grande evento internacional, eles mostram que não passam de oportunistas. De chantagistas que devem pagar até o último centavo as multas que lhes estão sendo cobradas, e perder o emprego, caso continuem se recusando a prestar um serviço que é imprescindível à população.
Mauro Santayana é jornalista e meu amigo.
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