De cegos e de
anões
Como fazem os filósofos que quando
embatucam numa equação recorrem a Kant, o mesmo faço eu quando embruteço num
mote que me faria voltar a velhos livros do Colégio Sobralense, lá na Sobral do
meu tempo. E, pra ser absolutamente correto, socorro-me dos amigos a quem
admiro e respeito com o mesmo sentimento de velhos monges. Queria achar alguém
que dividisse comigo a quase raiva daquele idiota porta voz de Israel que nos
chamou de anões diplomáticos. Ora,ora,ora. Foi o Mauro Santayana quem me levou
à luz contando uma história: “Se não me engano, creio que foi em uma aldeia da
Galícia que escutei, na década de 70, de camponês de baixíssima estatura, a
história do cego e do anão que foram lançados, por um rei, dentro de um
labirinto escuro e pejado de monstros. Apavorado, o cego, que não podia avançar
sem a ajuda do outro, prometia-lhe toda sua fortuna, caso ficasse com ele, e,
desesperado, começou a cantar árias para distraí-lo. O outro, ao ver que o
barulho feito pelo cego iria atrair inevitavelmente os monstros, e que o cego,
ao cantar cada vez mais alto, se negava a ouvi-lo, escalou, com ajuda das mãos
pequenas e das fortes pernas, uma parede, e, caminhando por cima dos muros,
chegou, com a ajuda da luz da Lua, ao limite do labirinto, de onde saltou para
densa floresta, enquanto o cego, ao sentir que ele havia partido, o amaldiçoava
em altos brados, sendo, por isso, rapidamente localizado e devorado pelos
monstros que espreitavam do escuro. Ao
final do relato, na taberna galega, meu interlocutor virou-se para mim, tomou
um gole de vinho e, depois de limpar a boca com o braço do casaco, pontificou,
sorrindo, referindo-se à sua altura: como ve usted, compañero... com o perdão
de Deus e dos cegos, ainda prefiro, mil vezes, ser anão... Lembrei-me do episódio — e da história — ao
ler sobre a convocação do embaixador brasileiro em Telaviv para consultas,
devido ao massacre em Gaza, e da resposta do governo israelense, qualificando o
Brasil como irrelevante, do ponto de vista geopolítico, e acusando o nosso país
de ser um “anão diplomático". Chamar o Brasil de anão diplomático, no
momento em que nosso país acaba de receber a imensa maioria dos chefes de
Estado da América Latina, e os líderes de três das maiores potências espaciais
e atômicas do planeta, além do presidente do país mais avançado da África, país
com o qual Israel cooperava intimamente na época do Apartheid, mostra o grau de
cegueira e de ignorância a que chegou Telaviv. O governo israelense não
consegue mais enxergar além do próprio umbigo, que confunde com o microcosmo
geopolítico que o cerca, impelido e dirigido pelo papel executado, como
obediente cão de caça dos EUA no Oriente Médio.
O que o impede de reconhecer a importância geopolítica brasileira, como
fizeram milhões de pessoas, em todo o mundo, nos últimos dias, no contexto da
criação do Banco do Brics e do Fundo de reservas do grupo, como primeiras
instituições a se colocarem como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, é a
mesma cegueira que não lhe permite ver o labirinto de morte e destruição em que
se meteu Israel, no Oriente Médio, nas últimas décadas. Se quisessem sair do
labirinto, os sionistas aprenderiam com o Brasil, país que tem profundos laços
com os países árabes e uma das maiores colônias hebraicas do mundo, como se
constrói a paz na diversidade, e o valor da busca pacífica da prosperidade na
superação dos desafios, e da adversidade.
O Brasil coordena, na América do Sul e na América Latina, numerosas
instituições multilaterais. E coopera com os estados vizinhos — com os quais
não tem conflitos políticos ou territoriais — em áreas como a infraestrutura, a
saúde, o combate à pobreza. No máximo,
em nossa condição de “anões irrelevantes”, o que poderíamos aprender com o
governo israelense, no campo da diplomacia, é como nos isolarmos de todos os
povos da nossa região e engordar, cegos pela raiva e pelo preconceito, o ódio
visceral de nossos vizinhos — destruindo e ocupando suas casas, bombardeando e
ferindo seus pais e avós, matando e mutilando as suas mães e esposas,
explodindo a cabeça de seus filhos. Antes de criticar a diplomacia brasileira,
o porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal Palmir, deveria ler os livros de
história para constatar que, se o Brasil fosse um país irrelevante, do ponto de
vista diplomático, sua nação não existiria, já que o Brasil não apenas apoiou e
coordenou como também presidiu, nas Nações Unidas, com Osvaldo Aranha, a
criação do Estado de Israel. Talvez, assim, ele também descobrisse por quais
razões o país que disse ser irrelevante foi o único da América Latina a enviar
milhares de soldados à Europa para combater os genocidas nazistas; comanda
órgãos como a OMC e a FAO; abre, todos os anos, com o discurso de seu máximo
representante, a Assembleia Geral da ONU; e porque — como lembrou o ministro
Luiz Alberto Figueiredo, em sua réplica — somos uma das únicas 11 nações do
mundo que possuem relações diplomáticas, sem exceção, com todos os membros da
Organização das Nações Unidas. - Mauro Santayana é jornalista e meu amigo.
A frase: “Lei do
Mercado - Cinco mil a cem reais, jamais cem a cinco mil reais. A escolha é sua
entre ser cem e cinco mil.” E besta
de quem não escolher direito.
À véspera do aniversário (Nota da
foto)
Acaraú comemora amanhã
aniversário de emancipação política. Durante muitos anos a data foi comemorada
com festas e fogos, discursos e aclamações. Neste dia 31, o prefeito Alexandre
Ferrreira Gomes, filho de Duquinha e sobrinho de Anibal, comemora com Deus. A
principal atração do dia será missa celebrada pelo Padre Fábio de Melo, em
praça pública.
Pensei em RS40 bi
São R$60.O
consultor Adriano Pires é quem sacou a coincidência. Pelas contas dele, o
buraco do setor elétrico, cerca de R$ 60 bilhões, é igual ao rombo da
Petrobras, provocado pelo controle dos preços dos combustíveis entre 2011 e
2014.
Quem
vai pagar
— A
conta do setor elétrico será paga por consumidores e contribuintes. Já a da
Petrobras fica para os acionistas.
Estranho
Causa
espécie que o Brasil gaste tanto com energia gerada por térmicas, enquanto
temos vento e sol para energia eólica e solar. A desconfiança é de deputado
cearense na ponta do lápis.
Esquisito
Política é um bicho esquisito. Outro dia mesmo cidadão desancava o
outro como mentiroso e cheio de marmotas. Hoje se abraçam e fazem juras de amor
ao povo e se auto elogiam.Ê ê!
Deu
no Claudio Humberto
Traição a Padim - Prefeito Juazeiro do Norte (CE), Raimundo Macedo
abandonou Memorial Padre Cícero, que foi saqueado. O MP tenta localizar, no Rio
de Janeiro, as peças roubadas e deve acionar a prefeitura para recuperar o
museu. Atrasaram o intermediário.
Sabe
aquele carinha de Israel?
O tal que
nos achamou de anões diplomáticos. Veja aí o que se daria a ele pra ler: “-
Um bom
diplomata é aquele com capacidade de permanecer calado em pelo menos cinco
idiomas”.
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