Há uma Marina Silva diferente na praça. Ela descobriu que, na
política, quem vive apenas de bons sentimentos morre de inanição.
Expelida da sucessão de 2010 na semifinal, Marina trancou-se em suas
virtudes e declarou-se neutra. Em 2014, a esfinge se deu conta de que a
neutralidade, por estéril, salva a alma, mas não muda as coisas. E
enxergou, entre a nova e a velha política, algo muito parecido com a
política do possível.
O amadurecimento de Marina é obra do PT. A
pancadaria do comitê de Dilma Rousseff deformou a imagem de Marina. A
sonhadora virou mentirosa. A intransigente, irresponsável. A altruísta,
imoral. Moída, Marina faz por Aécio Neves o que não fizera por si mesma.
No primeiro turno, vetara até fotografias ao lado de tucanos como
Alckmin. No segundo round, faz pose ao lado de Aécio sem cara de nojo.
Dilma
fez de Marina uma ardorosa anti-Dilma. E ensinou-lhe, na base da
pancada, que, entre o idealismo e a prática há um meio-termo que
transforma a política na arte do necessário. E nada parece tão
necessário para Marina nesse instante do que arrancar Dilma do Planalto.
A campanha de Dilma apressou-se em recordar na tevê que Aécio também bateu em Marina.
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