Silêncio das Forças Armadas eterniza a tortura
Comissão da Verdade investiga violações cometidas na ditadura
10.dez.2014
- A presidente Dilma Rousseff chorou ao discursar nesta quarta-feira
(10) em cerimônia onde recebeu o relatório final da Comissão Nacional da
Verdade sobre crimes e violações de direitos humanos que ocorreram no
período entre 1946 a 1988, com foco na ditadura militar (1964-1985), em
Brasília. A cerimônia aconteceu no Dia Mundial dos Direitos Humanos. O
documento conta com a descrição do trabalho realizado, a apresentação
dos fatos examinados, as conclusões e as recomendações sobre o tema Leia mais Ed Ferreira/ Estadão Conteúdo
O silêncio das Forças Armadas sobre os crimes da ditadura proíbe o passado de passar. O silêncio grita há meio século que a historiografia nacional convive com um capítulo que tem início e meio. Mas não tem fim.
O silêncio eterniza o vexame da tortura. O silêncio sonega a viúvas, mães e filhos o direito de enterrar punhados de ossos sobre os quais possam derramar lágrimas e depositar flores. O silêncio impõe à nova geração de militares o convívio perpétuo com a mancha alheia.
Sob Fernando Henrique Cardoso, o Estado brasileiro pediu desculpas e instituiu a reparação financeira pelos crimes. Sob Dilma Rousseff, o Estado criou a Comissão Nacional da Verdade. Nesta quarta-feira, veio à luz a verdade que foi possível apurar sem a colaboração das Forças Armadas. Que reiteram a decisão de permanecer em silêncio.
Exército, Marinha e Aeronáutica não passam de repartições públicas. São custeadas com o dinheiro dos impostos. Aceitar passivamente o silêncio sobre a tortura e o sumiço de compatriotas seria o mesmo que tratar todos os cidadãos em dia com o fisco como cúmplices da barbárie. Certos silêncios merecem barulho. É preciso gritar: NÃO!
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