Pé na estrada que o tempo "ruge"

Prefeitos articulam ações pró-reeleição

Mal terminou o pleito de 2014 e os bastidores políticos já estão agitados com as possibilidades para a disputa municipal de 2016. No Ceará, segundo dados da Associação dos Municípios do Estado (Aprece), dos 184 prefeitos do Estado, cerca de 100 estão no seu primeiro mandato e estão aptos a candidatar-se à reeleição no próximo pleito. Em 2015, alianças devem começar a ser feitas e desfeitas. O ano, apesar de não ser eleitoral, deve ser marcado por articulações e formações de blocos já visando às próximas eleições.
As últimas semanas foram marcadas por um bate e rebate entre líderes de partidos da oposição e da situação, enquanto um grupo da oposição ao governo do Ceará, liderado pelo senador Eunício Oliveira (PMDB), começa a se articular para entrar na disputa pela prefeitura em alguns municípios do Estado. Membros da atual situação preferem evitar o assunto e limitar-se a dizer que “ainda é cedo”.
A oposição não esconde o desejo pelo comando da Capital e sua região metropolitana e já se articula para entrar na disputa. Outras regiões, como a do Cariri, estão sendo almejadas pelo bloco.
FORTALEZA
Fortaleza, por ser a capital, é sempre a mais disputada, mas, segundo o discurso dos que estão no “poder”, o prefeito Roberto Cláudio (Pros) segue a linha do “ainda é cedo”, porém a reforma política que ele encaminhou para a Câmara dos Vereadores vem sendo vista nos bastidores políticos já como uma articulação para o pleito de 2016, onde RC vai tentar a reeleição.
Especula-se que essa reforma já seria uma alternativa para o prefeito de Fortaleza tentar “amarrar” os partidos e garantir o apoio para a campanha de 2016, recebendo a reafirmação de apoio das legendas.
A preocupação não é excesso de cuidado. Vale lembrar que Roberto Cláudio já terá uma baixa considerável do ponto de vista da força política para a eleição de 2016 sem o apoio do PMDB do vice-prefeito Gaudencio Lucena. Além disso, o PT de Luizianne Lins (ex-prefeita e deputada federal eleita) também pode lançar nome para disputar a gestão da Capital.
Parte do PT que era oposição em 2012, mas que hoje manifesta certa simpatia a RC, devido ao apoio que o gestor deu a Camilo Santana (PT), durante as campanhas eleitorais para o governo do Estado, deve também voltar a ser oposição e lançar uma candidatura própria nas próximas eleições.
O PT de Fortaleza é comandado pelo adversário de RC em 2012, Elmano de Freitas, “afilhado” político de Luizianne Lins, que, nas eleições de outubro “bateu o pé” e não apoiou a candidatura do seu colega de partido para o governo, por Camilo ser apadrinhado por Cid Gomes (Pros), seu adversário político.
DIÁLOGO
Voltando ao tabuleiro em que o prefeito trabalha, além de abrir espaço para diferentes siglas que manifestarem apoio a sua reeleição, RC pretende conversar com representantes de legendas que já fazem parte do governo, mas que almejam lançar candidatura em 2016 como é o caso do PDT. O partido, que detém a Secretaria de Esporte e Lazer no seu governo, comandada pelo ex-presidente municipal da legenda, Marcio Lopes, deve lançar novamente Heitor Férrer como candidato para o comando da Capital.
TEMPO DE TV
A preocupação de Roberto Cláudio é, sobretudo, com o tempo que ele terá na propaganda eleitoral na TV e no rádio. O Pros, sozinho, não dispõe de tempo considerável para expor o trabalho do prefeito à população. Com a saída de “grandes” partidos da aliança eleitoral, o espaço de propaganda diminui, então a articulação com os partidos de menor porte passa a ser fundamental para garantir os preciosos segundos nos meios de comunicação.
Em entrevista a O Estado no último dia 25 de novembro, o prefeito de Fortaleza fez duras críticas às articulações do PT Fortaleza já para o próximo pleito. Roberto Cláudio classificou a atitude como uma falta de respeito e de consideração ao povo fortalezense.
RC disse achar esquisita uma discussão, segundo ele, tão antecipada.  “É hora de quem é do bem e quer o bem de Fortaleza e ao Estado do Ceará arregaçar as mangas e concentrar esforços para trabalhar no que é preciso para tentar aumentar o crescimento”, sugere, acrescentando que o momento de muito trabalho e não de pensar em uma eleição que será “somente daqui a dois anos”.
Com o argumento do “ainda é cedo”, ele enfatizou que só irá pensar em uma possível reeleição quando for o momento. “É hora de trabalhar e não de pensar em eleição. Minha administração vai muito bem, mas precisa melhorar ainda mais”, destaca.
NOS MUNICÍPIOS
Aliados de alguns prefeitos do interior do Estado já começam a trabalhar nos bastidores de olho nas reeleições. Como é o caso do deputado federal, Domingos Neto (Pros), que, apesar de seguir a linha do “ainda é cedo”, já coloca a prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar (PMDB), como uma possível candidata à reeleição. Vale ressaltar que, apesar de Patrícia ser mãe de Domingos Neto e filiada ao partido de Eunício Oliveira, durante toda a campanha eleitoral de 2014 a gestora apoiou a candidatura de Camilo Santana para o governo do Estado.
Voltando para a avaliação de Domingos sobre a gestão de Patrícia, para ele, a prefeita tauaense vem realizando um excelente trabalho, ressaltando que o momento ainda não é de pensar nas próximas eleições, mas sim de “arregaçar as mangas”.  “Agora é preciso falar em trabalho, em melhora do bom que está sendo feito, para que a população consiga melhores dias de vida”.
Domingos Neto ressalta que, apesar de o município de Tauá terminar o ano com algumas dificuldades financeiras, ele considera que a gestão pode comemorar os bons resultados. “Ela termina o ano bem, embora com dificuldades financeiras provenientes da área federal, porque cumpriu a meta fiscal, fez cortes de gastos e aumento de receitas próprias”, pontuou.