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Sexta-feira, 06 de fevereiro de 2015
ELEIÇÃO ACADÊMICA, AS CRÍTICAS E O PRESENTE
No
próximo dia 10 deste fevereiro, a Academia Cearense de Letras, a mais
antiga das academias brasileiras, realizará sessão eleitoral para
preencher a vaga aberta com a perda do grande poeta, ensaísta, professor
e cidadão Artur Eduardo Benevides. São quatro os candidatos.
Esta
introdução serve apenas para analisar artigo de Mário Sérgio Conti,
jornalista e escritor, sob o título “Conformismo e coonestação”,
publicado em 28 de novembro de 2014, em que critica a Academia
Brasileira de Letras, a maior e a mais bem aquinhoada em nomes e
prendas.
Ele
começa dizendo: “A desimportância da Academia Brasileira de Letras
emudeceria até Lobão (refere-se ao cantor, grifo meu). Ninguém liga para
ela, exceto os 40 autoproclamados imortais. Que eles desfrutem em
sossego do privilégio de se fantasiarem de fardão pela eternidade
afora”.
Uma
primeira observação: por que Mário Sergio Conti não emudeceu. Se
ninguém liga para ela, qual o sentido e a razão de seu artigo tão
candente?
Ele
argui, em seguida: “A Academia é um clube cujos sócios, em graus
variados de senectude, se reúnem para tomar chá e trocar dois dedos de
prosa acerca de seus sublimes antecessores”. Não precisa ter lido Freud,
Jung ou Melanie Klein, para ver réstias de ressentimento explícito em
cada frase do articulista.
Ele
continua: “É perda de tempo criticar a Academia. Não importa que ela
sobreviva à sombra do Estado. Que jamais tenha emitido um sussurro
contra a censura e os outros paus-de-arara na vida cultural”. E aduz:
Que cultive a mediocridade literária (Nélida Pinõn, Murilo Melo Filho
etc.) e a bajulação de poderosos (Fernando Henrique Cardoso, Marco
Maciel etc.). Ninguém liga”.
Claro que alguém liga. Ele próprio, Conti, está ligando e dando cavaco. Qual a razão desse seu artigo grave?
Mais
lá na frente, passo para evitar detalhes menores, ele se contradiz, ao
afirmar: “A Academia só deixa de ser inócua quando nela entra um poeta
de verdade. Isso é chato porque as más companhias têm influência e a
instituição os diminui individualmente: todos os ratos são pardos no
Petit Trianon” (nome da sede da ABL).
Ele
está falando do poeta Ferreira Gullar e acrescenta texto do próprio
vate maranhense: “A Academia já fez tudo para eu entrar lá, e eu digo:
não. Jamais entrarei para a Academia... Como eu não tenho cabeça
acadêmica, como não é a minha, não vou entrar lá”.
Parêntesis meu: Ferreira Gullar entrou na ABL em dezembro do ano passado.
Sem
esquecer que havia elogiado Gullar (poeta de verdade, ele disse), mais a
frente, muda de ideia e o ataca: “Nem sempre conseguiu o que buscava.
Seus poemas são às vezes discursivos ou demagógicos; o credo stalinista o
fez tropeçar; seus versos perderam voltagem com a passagem do tempo”.
Em seguida, elogia: “O resultado final, porém, é largamente positivo.
Pelo que sua poesia tem de inventividade formal e insubmissão”.
Como
se vê, há um “morde e assopra” no escrito de Mário Sérgio Conti sobre a
entrada na ABL de Ferreira Gullar, o autor, entre outros, do “Poema
Sujo”.
Como
afirmou Tchekhov, escritor russo: “De inveja fica-se estrábico”. Por
outro lado, está claro que as academias brasileiras, sejam de letras,
ciências e artes, precisam repensar seus desígnios. Mudar e evoluir,
ter a coragem de ajustar-se ao tempo em que vivem, às mudanças
definitivas dos processos anacrônicos de escolhas de novos candidatos
(por que não um debate entre os candidatos? por que não uma prova de
conteúdo?), dos seus modelos de gestão em que só o presidente faz tudo.
Isto não é desrespeitar a tradição, mas ter coerência com o tempo em que
se vive.
Sem
menosprezar a tradição e os costumes, incorporar o que há de saudável e
lógico nestes tempos em que antigo passa a ser tudo aquilo substituído
pela voragem da inovação. A senectude, a que se refere Conti, não é a
idade dos componentes, mas a permanência de métodos e ações que já não
mais fazem sentido e pouco produzem resultados efetivos.
Penso eu - João, cê já viu quantas "academias" tem no Ceará? E de quê? Ou seria de "quens"?
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