Glauber Rocha e João Figueiredo, encontro em Portugal
"Glauber, autor e diretor de longa-metragens referenciais do cinema brasileiro completaria 78 anos neste mês de março"O pessoal da esquerda desancou Glauber. Meses antes, o cineasta baiano havia declarado admiração pelo general Golbery do Couto e Silva. Agora aparecia nas páginas de O Globo cumprimentando o general presidente João Batista Figueiredo. Logo Glauber Rocha, um dos mais ferrenhos críticos do regime militar. Ele, cineasta vencedor de festivais com filmes de caráter político e contestador, que tinha programa de TV para desqualificar os milicos, fã de Leonal Brizola, estava ali de mão estendida para um presidente da Revolução de 1964. Esta é, com certeza, uma das derradeiras imagens de Glauber Rocha. Meses depois, ele viria morrer de septicemia na Clínica Bambina, no Rio, em 22 de agosto de 1981.
Como foi – Para mim não foi surpresa encontrar Glauber na cidade portuguesa de Sintra. Estávamos no mesmo voo de Paris para Lisboa dois dias antes. Éramos em torno de vinte jornalistas – entre tantos, Merval Pereira, José Fonseca Filho, André Gustavo Stumpf e a hoje senadora gaucha Ana Amélia Lemos (PP) – que cobríramos na França a primeira etapa da viagem de Figueiredo. Durante o voo, do aeroporto de Roissy-De Gaulle ao de Portela do Sacavém, Glauber não parou. Com o brilhantismo e a loquacidade de sempre, falava dos temas da atualidade.
Relembrava
o bom papo que tivera no dia anterior em um restaurante da Rue Saint André Des Arts
com Carlos Henrique e Toninho Drummond, da Rede Globo, e o crítico de cinema do
Jornal do Brasil, Maurício Gomes Leite. Depois, já na capital portuguesa,
comentei com os amigos o feio aspecto de Glauber. Usava uma japona azul marinho
rota manchada de café e farelo de pão caído na lapela, cabelos desgrenhados,
olheiras acentuadas, voz cansada.
Então o amigo Carlos Henrique disse-me que no almoço da véspera, Glauber reclamara de dores no estômago. Ele próprio, o cineasta, achava que decorria da inalação dos gases de boulette, o carvão que aquecia o quartinho do hotel em que se hospedava, no Quartier Latin. Não era. Glauber viria a falecer meses depois, aos 42 anos, em 22 de agosto de 1981, em decorrência de problemas broncopulmonares.
Glauber Rocha, autor e diretor de longa-metragens importantes e referenciais do cinema brasileiro – "Terra em Transe", "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", "Barravento" e "A Idade da Terra" –, completaria 78 anos neste mês de março.
Então o amigo Carlos Henrique disse-me que no almoço da véspera, Glauber reclamara de dores no estômago. Ele próprio, o cineasta, achava que decorria da inalação dos gases de boulette, o carvão que aquecia o quartinho do hotel em que se hospedava, no Quartier Latin. Não era. Glauber viria a falecer meses depois, aos 42 anos, em 22 de agosto de 1981, em decorrência de problemas broncopulmonares.
Glauber Rocha, autor e diretor de longa-metragens importantes e referenciais do cinema brasileiro – "Terra em Transe", "Deus e o Diabo na Terra do Sol", "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", "Barravento" e "A Idade da Terra" –, completaria 78 anos neste mês de março.
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