Dono de 3 contas declaradas no HSBC, Paulo Coelho defende divulgação
Fernando Rodrigues
Para esta reportagem, ele enviou comprovantes de que informou depósitos à Receita Federal
O escritor Paulo Coelho levou um susto na última 3ª feira (17.mar.2014). Apesar de já ter lido notícias de que planilhas contendo dados de contas secretas do HSBC suíço haviam sido vazadas por um ex-funcionário da instituição, não imaginou que seu nome estaria numa delas. Nos registros do banco, Paulo Coelho aparece relacionado a três contas numeradas.
Ao ser consultado sobre elas, o escritor enviou ao jornal “O Globo”, parceiro do UOL nesta investigação, documentos que comprovam que as contas foram declaradas às autoridades brasileiras. O escritor explicou que é por meio dessas contas que recebe parte de seus direitos autorais. Ele afirma que “é, sim, papel da imprensa noticiar com o máximo de clareza possível” as informações relacionadas ao caso SwissLeaks.
Descrito nos arquivos do HSBC em Genebra como “famous writer” (escritor famoso), Paulo Coelho tem como representante legal a Belisle Foundation. A sede dessa fundação é no Panamá –paraíso fiscal no Caribe que o HSBC costumava recomendar a seus clientes interessados em abrir uma empresa offshore.
Segundo Paulo Coelho, por volta de 2008 e 2009, o HSBC comunicou a seus correntistas que uma lista havia sido furtada por um ex-técnico de informática e que poderia chegar à imprensa. A instituição não avisou especificamente a nenhum de seus clientes quem poderia aparecer nessa documentação vazada.
“Quando as reportagens começaram a sair, não imaginei meu nome ali. Pensava que a lista tinha apenas contas que não haviam sido declaradas. Acompanhei o do caso de [Michael] Schumacher, meu vizinho na Suíça, e de John Malcovitch. E, pelo que entendi, as coisas não ficaram muito claras”.
Desde 2008, Paulo Coelho tem residência suíça e recebe parte de seus direitos autorais no HSBC. Para evitar ser tributado duas vezes, solicitou ao Brasil declarações de que pagava impostos no país. “Também por aí, as autoridades brasileiras sabiam que eu recebia dinheiro fora do país”, diz ele.
Sobre sua relação com o HSBC, Paulo diz que não passa de algo corriqueiro: “Ela se resume em pegar o ônibus e ir até lá. Mas deduzo que eles sempre souberam quem estava na lista e que podiam, pelo menos, ter me dito. Acho que ficaram com medo de que eu fechasse a conta. Fecharei na semana que vem”.
Participam da apuração da série de reportagens SwissLeaks os jornalistas Fernando Rodrigues e Bruno Lupion (do UOL) e Chico Otavio, Cristina Tardáguila e Ruben Berta (do jornal “O Globo”).
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