‘Faço compras em Los Angeles, que é mais barato’, revela Tom Cavalcante
Qual a diferença entre fazer humor na TV aberta e no canal a cabo?
Você imprime uma visão de humor, mas literalmente não tem um diferencial ao meu ver. As pessoas estão muito ávidas pro querer rir, se divertir, então não vejo muita diferença não. Estou aplicando o humor que eu sei dentro da TV a cabo como se fosse na TV aberta. Está sendo bem divertido.
Quando você saiu da Record achava que sua volta seria em um canal a cabo?
Não. Na verdade eu não pensava em voltar para a televisão.
Tom, achei que era só um período sabático…
Então, mas o sabático…. Eu estava gostando tanto de ficar em Los Angeles que eu disse: “não, não vou voltar. Estou gostando de Malibu…”. E fui ficando. Mas o telefone tocou e era o pessoal do Multishow, achei o projeto interessante. Um projeto que largaria a Califórnia para fazer. Mas dia 24 estou me mandando de novo pra Los Angeles.
Você poderia, se quisesse, parar trabalhar?
Não sei, não tenho fábrica, né? (risos).
Pergunto se tem economia suficiente para ficar sem trabalhar para o resto da vida…
Tem gente que tem bilhões e acha que não pode parar ainda, né? Acho que tem alguma coisa que já guardei, que dentro da minha filosofia de vida, de economizar, dá pra viver. Estou com 53 anos, já dá para tomar uma água de coco la no Ceará (gargalha).
Você controla bem o seu dinheiro?
Sou muito disciplinado. Levo uma vida muito controlada e trabalhei de uma forma muito ‘profissa’. Não sou bilionário, mas enfim, tenho minha vida de shows o Brasil todo aí, do Oiapoque ao Chuí.
A TV aberta te procurou depois que você saiu da Record?
Teve namoro com a Band, depois SBT e depois voei pra Los Angeles. Foi até aí.
Ninguém entendeu quando você saiu da Record, nem a Record. Mas você saiu porque estava querendo inovar, certo? Acredita que soaria de maneira não leal se fosse imediatamente para outra emissora?
Concordo. Quando fiz meu pedido pra sair da Record, faltava um ano pra terminar o contrato, a primeira coisa que me disseram foi: “Já sei! Está com um contrato em outra TV, certo?”. E aí eu disse: “Não! Meu motivo é que quero dar um tempo na minha carreira, viajar, fazer meu filme que produzi nos exterior, me aliar a uma publicidade, levando meu currículo como um jovem promissor ator que queria uma chance nos Estados Unidos”. Fui ver qual é.
Você de longe acompanha o humor do Brasil?
Sim. Na verdade quando eu voltei é que senti que a coisa estava aquecida.
O que achou do novo ‘Zorra Total’?
Não vi ainda, acredita? Por causa dos shows que faço a noite…
Os próprios humoristas modernos tinham preconceito com o ‘Zorra’. Com as piadas, os bordões… O que acha do preconceito e do antigo ‘Zorra’?
A visão do humorista é de ironizar, sacanear. Eu não era assíduo telespectador, nem via na verdade, mas sabia dos números satisfatórios em relação ao Ibope. Aí você tem um estilo de humor que talvez não agrade a um segmento, mas agrada a criançada, que ficava em casa na noite de sábado. Tem toda essa observação a ser feita.
Como era sua relação com a crítica?
Quando vem uma critica, observo bem. Já me ajudou muitas vezes, como em uma tomada de posição para melhorar minha performance. Eu gosto muito.
Me diga alguns nomes de humoristas novos, além do seu elenco, que vê com grande potencial?
Tem muito, né? Surgiu muita gente boa. A Tatá Werneck, o Paulo Gustavo, no Ceará tem o Tirulipa, em Vitória tem o Haeckel Ferreira, e aqui tem o Bruno Mazzeo também. Tem uma galera muito importante que veio somar.
E quem escreve o humor do #PartiuShopping?
São dez roteiristas e eu faço uma redação final junto com o roteirista chefe. Agora mesmo estava fazendo uma revisão.
O programa aborda uma crítica social?
O programa nesse sentido vai de uma forma muito livre para falar de tudo. No shopping tem um segurança e eu faço a locução. Falei assim: “Oi gente promoção do dia é o colete à prova de faca pra você passear tranquilo na Lagoa”. Então a gente vai de uma forma irônica refletindo com a sociedade.
Essa ironia é um tom seu?
Sim. Ela é minha e do diretor do canal.
A frase da faca não estava no texto, né?
Não. Esses são meus copydesk (uma revisão feita no texto não somente no aspecto ortográfico e gramatical).
Como avalia esse momento do Brasil.? Um nordestino, muito brasileiro, mas que mora no exterior?
Fico até com medo de falar que não estou gostando, porque tem muita gente que está, então não estou entendendo nada. Você faz um comentário no Twitter e a pessoa vem com pedras. Então acho que estou falando de outro país, pois o que vivo entrou no ostracismo. Teve oportunidade de crescimento, mas falta oportunidade, tem desemprego… A economia é falha e inoperante. A gente não pode ter um espírito maternal de que a ‘mamãe vai resolver’, tipo, o presidente que está la vai resolver tudo. Não é isso. Temos que começar, na hora da votação, a vislumbrar isso. É difícil. Tem um cara que tem uma lábia legal, aí você aposta nele e no final ele não tá com nada.
Por que optou por morar fora?
A minha vida toda sempre tive vontade de morar nos Estados Unidos. Talvez se eu não tivesse ingressado na carreira artística no Brasil eu fosse mais um brasileiro que estivesse morando fora. E minha vida ficou muito ligada ao exterior desde sempre. Desde 1992 que eu passo três meses fora e depois volto. E outra: beber daquela fonte pra pegar informações, daquela fábrica de criações, é uma ótima oportunidade.
Sua família e seus filhos se adaptaram?
Sim. Eles não queriam vir embora não.
Fala bem inglês?
Falo pra me virar. Fluente quem fala são meus filhos, que foram educados desde criança.
Assiste TV brasileira ou americana?
Estou assistindo a série americana ‘House of Cards’ e o que não entendo paro, vou ao dicionário, volto e vou treinando.
O shopping tem uma função muito grande na vida do brasileiro. Na sua vida o shopping é presente assim?
Não. Sou muito de casa. No shopping vou ao cinema só.
Não vai nem pra passear? Isso é por conta do seu perfil mais econômico?
Não. Eu dou cartão para Patricia (mulher) e ela vai lá e compra as coisas pra mim. Eu tenho uma coisa com shopping que não sei fazer aquelas paradas glamourosas entende? (ri). Você vai, dás uma parada, olha e continua, parece que esta gravando.
Você não sabe olhar vitrine, é isso?
Não sei olhar vitrines e se eu pegar uma arara com muita roupa eu fico tonto.
Mas a Patrícia compra suas roupas?
Compra tudo, mas na verdade faço compras mais em Los Angeles, que é mais barato (risos).
Chegou a ser proibido na TV Globo quando saiu de lá?
Na verdade, quando eu saí houve um estranhamento, mas nada que pudesse vetar a minha volta, tanto que voltei agora pro sistema (Multishow faz parte da Globosat).
Tem espaço para um programa como esse em TV aberta?
Ele tem uma cara de TV aberta. É uma novidade por tratar de um tema diferenciado, shopping, é divertido e se adapta em qualquer plataforma, como internet, TV…
Você vê nisso uma popularização dos canais a cabo?
O povo comprou sua TV de plasma, fez sua assinatura, tem uns gatos por aí também (risos). A galera vai pra dentro e se for bom. É torcer pra dar certo.
O que mais você quer da vida?
No momento concluir essa empreitada de três meses gravando cinco vezes por semana com disciplina, trabalho braçal. Me sinto orgulhoso das pessoas sentadas no palco, no silêncio, meia-noite procurando fórmulas e corrigindo o texto para oferecer o melhor. Quero agradecer ao Multishow por estar de volta a TV com um projeto tão grandioso como esse.
Fica no ar até quando? Gravaram quantos episódios?
Gravamos 30 episódios e vai ao ar diariamente, de segunda a sábado, pra lascar tudo. Se a pessoa não assistir na TV a cabo, vê na internet.
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