Jobim
e Ulysses
Domingo passado tive a
oportunidade de assistir, na Globo News, entrevista concedida pelo ministro
aposentado do Supremo Tribunal Federal(STF), Nelson Jobim, ao jornalista
Roberto D’Ávila. Excelentes desempenhos, tanto do entrevistador como do entrevistado.
Jobim mostrou a verdadeira face de um homem público probo, ético, correto e,
acima de tudo, dotado de um profundo amor ao Brasil. Exerceu com destaque
funções elevadas nos três Poderes da República. No Legislativo – tive a honra
de ser seu colega na Câmara dos Deputados – foi político brilhante na
Constituinte e em mandatos posteriores. As grandes análises e decisões
legislativas tinham que contar com a opinião e, muitas vezes, com o seu parecer
final. No Judiciário, destacou-se como grande Juiz, chegando a ocupar, com
notório saber jurídico, a presidência do STF. Já no Executivo, foi Ministro da
Justiça e também da Defesa exercendo com dignidade e espírito público as
importantes funções. Segundo Nelson Rodrigues: “Nada mais cretino e mais
cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única
que é capaz de imbecilizar o homem”. Jobim, por suas atitudes, jamais demonstrou
paixão politica, mas dedicação ao racional, à democracia, à liberdade e aos
direitos humanos. Creio que, dentre seus mestres, destaca-se um merecedor do
respeito e da admiração do povo brasileiro: O inesquecível Dr. Ulysses
Guimarães. Perguntado por D’Ávila o que ele havia aprendido com Ulysses, Jobim
respondeu com rapidez: tudo. Como está fazendo falta, o “senhor Democracia”.
Gonzaga Mota-
professor, escritor,ex-governador do Ceará e meu amigo.
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