O primeiro mês do governo interino de Michel Temer foi de reação às
críticas, resumiu o professor da Escola de Direito da Fundação Getulio
Vargas, Michael Mohallem. “É um governo que começou com muita
turbulência, apesar de já se esperar muita dificuldade”, disse. O
governo Temer faz um mês neste domingo (12).
O primeiro desafio de Temer, de construir sua base de governo e
compor a nova equação, que significava reduzir o número de ministérios
e, ao mesmo tempo, atender os interesses dessa ampla base, foi mais
difícil do que se imaginava há 30 dias. “O processo de desgaste [com a
possibilidade de extinção] do Ministério da Cultura, com a ausência de
mulheres [nos ministérios] foi muito acima do que o próprio Temer
esperava. Isso tudo tomou muito tempo da agenda. Foi um desgaste
desproporcional”, afirmou o professor. Para ele, esse desafio ainda não
está resolvido.
Os cargos do segundo escalão ainda não foram totalmente ocupados:
secretarias importantes, como a do Ministério da Justiça, estão sem
titular. Segundo o professor, esperava-se que essa fase fosse mais
rápida, porque tinha começado cerca de 15 dias antes da votação do
impeachment de Dilma Rousseff e será um governo curto. “Existem desafios
pendentes, o que é ruim. Temer poderia já ter virado essa página e não
conseguiu ainda.”
Mohalllem disse que, o segundo desafio – equacionar a Operação Lava
Jato – continua a ser um fator de instabilidade na política brasileira
para qualquer partido e, em particular, para os grandes partidos como o
PT, o PMDB e o PSDB. “O governo foi atingido de frente, assim como sua
base no Congresso Nacional. O PMDB foi o principal alvo da Lava Jato
neste mês. O PT continuou sendo atingido, mas de modo não tão frontal
quanto o PMDB, que foi dragado para o centro da operação, com dois
ministros atingidos por motivos diversos.”
Além disso, avançam os processos contra o presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “que, mesmo afastado, é em alguma
medida um fiador do governo na Casa”. Mohallem destacou que “o mais novo
capítulo da novela” foi o suposto pedido de prisão de líderes do PMDB,
como o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o senador Romero Jucá
(RR), o ex-senador e ex-presidente da República José Sarney (AP), além
do próprio Cunha.
(Agência Brasil)
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