Opinião
O MOTIVO DA CRIAÇÃO DO MUNDO
COLUNA CARLOS BRICKMANN
EDIÇÃO DOS JORNAIS DE DOMINGO, 18 DE MARÇO DE 2018
Os
livros sagrados judeus, base dos livros sagrados cristãos, ensinam que
Deus criou um único homem, Adão, para mostrar que um só assassínio
equivale à destruição da Humanidade. Cada pessoa é única, mas todas
saíram do mesmo molde em que foi criado Adão; e cada uma pode dizer que
por sua causa o mundo foi criado.
Marielle
foi assassinada. Não importa seu lado ideológico, não importa sua ação
política. Foram mortos, no Rio, mais de cem policiais. Houve, e há, dos
dois lados, centenas, milhares de mortos, na maior parte das vezes em
desafio impune às leis do país, na totalidade dos casos em desafio à Lei
maior. O caro leitor não é religioso e acha correto explorar
politicamente o assassínio de alguém de seu lado, enquanto festeja a
morte de adversários?
Pois
bem, deixemos claro o pensamento deste colunista: FODA-SE. E diga se
esse Rio de tiros cruzados é melhor do que a Cidade Maravilhosa.
Lamentemos
os mortos, exijamos que os assassínios sejam investigados e os
assassinos punidos. Não é possível, num país civilizado, que bandidos
circulem com armas longas de grosso calibre, em público, como se isso
fosse normal. Não é possível, num país civilizado, que sejam poupados
pela lei. E cobremos coerência dos parlamentares: se quiserem
organizar-se como Bancada da Bíblia, que sigam os preceitos bíblicos (se
acharem difícil, os Dez Mandamentos servem: não matar, não roubar). É
fácil.
Vergonha na casa
Os
lamentos seletivos por pessoas assassinadas, de acordo com sua posição
politica, não são a única iniciativa estarrecedora: há jornalistas, ou
ex-jornalistas em atividade, empenhados em denunciar profissionais que,
nas redes sociais, sem anonimato, defendem a prisão de Lula. O nome do
jogo é dedoduragem (ou caguetagem, talvez); e envolvem todos os
favoráveis à prisão de Lula quando terminados os trâmites judiciais,
seja qual for sua motivação. Não incluem os que petistas gostam de ver
presos, como Geddel; ou “cumpanhêrus” que já caíram em desgraça, como
Palocci. Traduzindo, bota no deles e esquece do nosso.
Hoje,
na tropa virtual lulista, há um tremendo declínio de qualidade. Os
competentes que faziam notícias falsas foram trocados por gente de
projeção bem menor.
Todos juntos...
Quantos
candidatos haverá à Presidência da República? Esqueça a política; os
partidos que melhores alianças farão serão os que tiverem mais verba
para financiar a campanha. Não adianta surgir um partido muito bem
espalhado pelo país, com bons candidatos ao Senado e à Câmara, se a
verba para a campanha presidencial for pequena. Como a verba é uma só,
um partido que destine boa quantia à luta pela Presidência terá menos
dinheiro para disputar Senado e Câmara. Se preferir o fortalecimento do
partido, não terá como conduzir boas negociações com quem lhes propuser
aliança.
...vamos
É
uma lista imensa: salvo falha (ou novos candidatos que apareçam entre a
redação e a publicação desta coluna), já se lançaram ou estão na fila
José Maria Eymael, Cyro Gomes, Guilherme Boulos, Lula, Mariana d’Ávila,
Geraldo Alckmin, Valeria Monteiro, Henrique Meirelles, Michel Temer,
Álvaro Dias, Flávio Rocha, João Amoêdo, Marina Silva, Jair Bolsonaro –
e, claro, Levy Fidelix, o do aerotrem. Há candidatos tradicionais que
ainda não se definiram, como Zé Maria (“contra burguês, vote 16”), e Rui
Pimenta, do PCO. Dificilmente a lista final terá tantos nomes. A verba
curta será o grande estímulo para reduzir a lista.
Ninguém escapa
A
empresa Elijet Participação entrou na Justiça cobrando R$ 32,6 milhões
de Joesley Batista. Na ação, diz a empresa que foi contratada para
intermediar a compra de dois aviões Gulfstream e que Joesley não pagou a
corretagem. O primeiro Gulfstream foi pedido verbalmente e, dizem os
queixosos, Joesley não pagou a corretagem. Para o segundo Gulfstream,
mais moderno, foi feito um contrato. Ele não pagou; mas os corretores
dizem ter um documento em que a dívida é reconhecida.
Sem espaço
O
Brasil foi suspenso do Observatório Europeu do Sul, ESO, por falta de
pagamento. O Brasil pediu entrada no ESO no final de 2010 e o pedido foi
aceito por unanimidade. O acordo foi assinado em 2011 e aprovado no
Congresso em maio de 2015. Mas o pagamento, que é bom, esse não foi
feito: participar do ESO custa algo como 270 milhões de euros,
parcelados em dez anos (às cotações de hoje, a quantia chega perto de
US$ 1 bilhão). Mesmo antes de pagar, o Brasil tinha livre acesso a três
observatórios astronômicos instalados no deserto do Chile, mantidos e
administrados por países europeus, asiáticos, Canadá e EUA.
E por que não foi pago? O Governo não diz que temos reservas de quase 400 bilhões de dólares?
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