Eunício recebeu propina da Petrobras em conta na Suíça, diz empresário
Eunício recebeu propina da Petrobras em conta na Suíça, diz empresário
Mariano Ferraz denunciou o ex-presidente do Senado, que "nega veementemente" as afirmações do réu Imagem: Reprodução/JFPR
Eduardo Militão e Tales Faria
Do UOL, em Brasília
08/03/2019 20h36
Resumo da notícia
Empresário-réu diz que pagou propina para ex-senador Eunício Oliveira
Ele menciona pagamentos irregulares a Júlio Lopes e Índio da Costa
Todos negam as acusações do réu, que já foi condenado por Moro
MP decidirá se aceita pedido de delação premiada do empresário
Um
empresário que tenta fechar acordo de colaboração premiada com o
Ministério Público disse que pagou propina ao ex-presidente do Senado
Eunício Oliveira (MDB-CE) em troca de obter mais contratos na Petrobras.
De acordo com Mariano Marcondes Ferraz, os pagamentos ao político eram
feitos em uma conta no exterior do próprio cunhado do empresário, mas
"cujo beneficiário final" seria o ex-congressista. O
ex-parlamentar refutou as denúncias. "Eunício Oliveira nega,
veementemente, qualquer envolvimento com os relatos de 2002 feitos pelo
delator, assim como tomará todas as medidas judiciais cabíveis", disse a
assessoria de imprensa do ex-senador, em nota ao UOL.
Condenado
a dez anos de prisão pelo então juiz Sérgio Moro e denunciado novamente
pela Operação Lava Jato, Ferraz é ex-executivo do grupo Trafigura, uma
multinacional de comércio de petróleo. Ele tenta um acordo com os
investigadores, mas não obteve sucesso até hoje, segundo fontes ligadas
ao caso. O empresário entregou documentos e prestou declarações em que
acusa, também, o deputado Júlio Lopes (PR-RJ) de receber dinheiro no
exterior. Os advogados do político dizem que isso é "falso". Ferraz
acrescenta que o ex-deputado Índio da Costa (PSD-RJ) recebeu dinheiro
para protegê-lo na CPI da Petrobras de 2014, mas o político lembrou ao UOL que sequer tinha mandato naquele ano. A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu o pedido de
colaboração premiada da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, mas mandou
tudo de volta para os procuradores de primeira instância. Ela entendeu
que não há políticos com foro privilegiado no caso ou fatos que tenham
ocorrido durante o mandato deles. Por isso, o caso voltou a ser
analisado pela força-tarefa do Ministério Público, que decidirá se
aceita ou não o acordo proposto pela defesa de Ferraz.
O ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE) Imagem: José Cruz/Agência BrasilNegócios melhoraram depois de contato com Eunício, diz empresário
Nos
depoimentos ao Ministério Público, Ferraz disse que, por volta de 2002 e
2003, sugeriu a Eunício indicar dois funcionários para o grupo da
Petrobras. Leonardo Goldenberg e Otávio Cintra. A sugestão foi feita a
pedido do então cunhado, Antônio Venâncio Silva Júnior. Os dois
indicados acabaram nomeados para cargos na BR Distribuidora. Os
rendimentos de uma das empresas de Ferraz, a Fonte Negócios, começaram a
melhorar a partir daí. "Os referidos funcionários [Gondelberg e Cintra]
beneficiavam a Fonte Negócios, nos processos de compra de produtos pela
Petrobras, acarretando o aumento do volume de vendas", narra a
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no documento interno do
Ministério Público número 8-/2019-GTLJ/PGR. As propinas eram pagas com
esse dinheiro. Um dos meios de distribuir o dinheiro da corrupção
era, segundo Ferraz, mandar dinheiro ao exterior para Eunício. Ele usava
uma conta no banco UBS, na Suíça, cujo titular era o próprio cunhado,
Antônio Venâncio. Mas o "beneficiário final seria o então deputado
federal Eunício Oliveira", narra Dodge no documento. O empresário
entregou o número da conta aos procuradores. Outra forma de
repassar dinheiro seriam saques em espécie na agência Belletour, no Rio
de Janeiro, com a ajuda de um doleiro chamado Wander. Os valores eram
entregues a "agentes públicos" depois, segundo Dodge. A terceira forma
de pagar propina era usar contas no exterior em nome de Goldenberg e
Cintra.
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