Reitor se reúne com governador e bancada federal para discutir corte de recursos
O reitor da Universidade Federal do Ceará, Henry Campos, se reuniu na manhã desta segunda-feira (13) com o governador Camilo Santana, com deputados federais do Ceará e com o senador Cid Gomes para tratar de ações que possam reverter o bloqueio de recursos para as instituições federais de ensino. O encontro ocorreu no Palácio da Abolição e contou também com os reitores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) e da Universidade Federal do Cariri (UFCA).
Na reunião, Henry Campos apresentou as dificuldades já enfrentadas: “Já começamos a desempenhar algumas coisas para poder efetuar pagamentos. Nosso corte é da ordem de 38% e é semelhante nas demais universidades. Isso inviabiliza o funcionamento da Instituição se não for revertido. Não temos tempo de esperar que (o Governo Federal) reveja a decisão só depois da votação da reforma da Previdência”. Na última sexta-feira (10), o assunto também foi discutido em reunião na Reitoria da UFC (https://is.gd/Vo0kut).
O encontrou durou mais de duas horas. O governador Camilo Santana disse aguardar que o Governo Federal possa manter os recursos disponíveis para que as instituições mantenham investimentos e custeios de suas atividades sem prejuízo para alunos e servidores. “Esperamos sensibilidade do presidente da República para rever essa decisão de imediato. Estive pessoalmente com ele na semana passada, junto com os governadores do Nordeste, e falei sobre a importância da educação ser colocada como prioridade absoluta, inclusive o ensino superior. Faremos tudo o que estiver a nosso alcance para que esse bloqueio de verbas das universidades seja revisto o mais rápido possível”, enfatizou o governador.
Foram definidas algumas estratégias durante o encontro. Uma das ações acordadas é que a bancada cearense fará requerimentos em cada uma das comissões nas quais os parlamentares participam para convocar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, a dar explicações sobre a decisão. Além disso, uma audiência pública também será realizada na Assembleia Legislativa, no dia 31 de maio, para discutir o assunto.
O senador Cid Gomes destacou a necessidade de se manterem os investimentos no setor por sua importância para a sociedade. “A gente foi testemunha nas últimas duas décadas do processo de expansão das matrículas de ensino superior no País e de modo muito especial no Ceará. O Instituto Federal tinha apenas quatro bases e hoje está presente com 32 centros. Tivemos duas novas universidades, a Universidade Federal do Cariri e a UNILAB. Sabemos da importância que elas têm para nosso desenvolvimento, nossa economia e nosso futuro. Então, é importante que estejamos solidários a elas e que o Governo (Federal) perceba que se quer fazer ajustes tem que mexer com outros setores que já vêm lucrando ao longo do tempo”, ponderou Cid.
Da bancada federal cearense estiveram presentes os deputados Antônio José Albuquerque, Mauro Filho, José Guimarães, André Figueiredo, Leônidas Cristino, Eduardo Bismark, Robério Monteiro e Domingos Neto, coordenador da bancada. Para este último, “esses cortes atingem todos os setores da sociedade e é necessário que os deputados façam uma forte pressão” para que haja um recuo do contingenciamento.
AFETADOS DIRETAMENTE – Os quatro reitores presentes – Henry Campos, Virgílio Araripe, Ricardo Ness e Alexandre Cunha – foram unânimes em dizer que o bloqueio dos recursos vai inviabilizar a oferta atual de serviços e investimentos realizados pelas instituições.
Virgílio Araripe, do IFCE, corroborou a opinião de Henry Campos no tocante à inviabilização dos serviços na atual conjuntura. “Se não houver uma situação contrária, não dá para fazer com esse valor uma questão de realinhamento interno, a matemática não bate. Isso está nos preocupando. Esses efeitos já estão acontecendo agora. É importante ter toda a sociedade envolvida, lutando conosco para que a gente reverta essa situação. Não tem outro caminho”, avaliou.
Ações cotidianas que vão ser afetadas pela decisão foram pontuadas por Alexandre Cunha, da UNILAB. “Eu concordo com tudo o que os colegas colocaram aqui. Muitas das universidades federais e institutos já manejam dinheiro de seu funcionamento para assistência estudantil. Não tem como garantir o bandejão, as bolsas. O clima está péssimo na gestão. O fornecedor acha que não vai receber mais”, citou o reitor.
A falta de abertura para tentar solucionar os problemas através do diálogo foi citada pelo reitor da UFCA como um dos principais entraves encontrados pelas instituições na atualidade. “A nossa universidade nasceu em meio a uma certa crise, mas a gente sempre conseguiu contornar e avançar com muito diálogo e é o que não está acontecendo. A gente sempre teve boa interlocução com o MEC e para esse bloqueio a gente foi notificado pelo sistema, não teve nenhuma nota do MEC, não houve uma reunião”, informou Ricardo Ness.
Também acompanharam o encontro a vice-governadora Izolda Cela; o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Inácio Arruda; o presidente da Assembleia Legislativa, José Sarto; e o líder do Governo na Assembleia, deputado Júlio César Filho.
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