“A nossa principal aliança será com a sociedade”, diz Matos
O PSDB administrou a Prefeitura de Fortaleza uma única vez e por
apenas dois anos, quando Ciro Gomes, então filiado da legenda
recém-fundada, foi eleito (em 1988) para comandar a capital cearense.
Ciro representou a legenda ocupando o cargo entre 1º de janeiro de 1989 e
a 2 de abril de 1990 quando deixou a vaga para disputar o governo do
Estado na sucessão de Tasso Jereissati. Agora, os tucanos querem
protagonizar uma nova história e anteciparam o debate com vistas a
eleição de 2020. O ex-deputado Carlos Matos é a aposta até o momento.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, o tucano falou sobre as estratégias eleitorais da legenda para a eleição municipal. “Nós precisamos voltar às origens e a nossa origem é 1986. Nós continuamos de lá, até aqui, na mesma pisada com pilares fundamentais. Nós precisamos tornar a própria população protagonista de seu futuro”, disse o ex-deputado.
A legenda iniciou uma série de reuniões nos bairros da periferia da capital para se aproximar das lideranças comunitárias e identificar quais as principais demandas da população. Entre os temas de destaque, segundo Matos, estão a falta de oportunidades para os jovens e uma política de habitação que pense na formação da comunidade.
Na avaliação do tucano, Fortaleza vive uma realidade “extremamente fragmentada”, com enormes desigualdades e, por isso, precisa ser “pensada de uma nova forma”. Abaixo, você confere os principais trechos da entrevista. A íntegra está disponível na TV O Estado, em nosso portal na internet.
O Estado. Como o PSDB pretende convencer a população de que está pronto para administrar a capital cearense?
Carlos Matos. O PSDB inaugurou aquilo que, hoje, me parece extremamente atual. Ele deu um tiro no fisiologismo, conseguiu formular políticas públicas, inclusive, de desenvolvimento. As principais políticas públicas que hoje ainda permanecem foram formuladas naquele período [durante o chamado governo das mudanças, em 1986]. Temos o Projeto São José e a valorização das comunidades para que elas possam ser protagonistas do seu futuro. “Nós precisamos voltar às origens e a nossa origem é 1986. Nós continuamos de lá, até aqui, na mesma pisada com pilares fundamentais. Nós precisamos tornar a própria população protagonista de seu futuro”.
OE. O PSDB iniciou uma série de reuniões nos bairros da capital. Qual o objetivo desses encontros?
Matos. Para 2020, estamos revisitando esses pilares e querendo construir a aliança que foi a nossa origem, com a própria sociedade. O PSDB nasceu em 1986, não pela força política, e sim pela força da sociedade que queria mudança e queria um novo tipo de política e isso continua extremamente atual.
OE. O que vocês já identificaram até o momento?
Matos. Nós estamos na sexta visita aos bairros e algumas coisas já ficaram evidentes. Primeiro, a falta de oportunidades para os jovens. Depois, um programa de moradia que possa ser mais expressivo. (..) A quinta maior cidade do Brasil, a maior cidade do Ceará, ela precisa ser pensada de uma nova forma. Muita coisa boa foi feita, vemos avanços em muitas áreas. Não dá, simplesmente, pra colocar o prefeito na berlinda e dizer que tudo está errado. Mas também não dá pra conviver estando entre as dez cidades mais violentas do País, tendo uma educação ‘mais ou menos’, não é uma educação de ponta, ela não faz diferença.
OE. E qual a diferença para a eleição deste ano?
Matos. Nós precisamos assumir a responsabilidade pela construção de uma nova cidade. O PSDB não quer abrir mão dessa responsabilidade. Nós não estamos partindo de uma vantagem eleitoral, de um nome extremamente popular. Mas, pela primeira vez, o PSDB se lança com antecedência e mostra que quer dar a sua contribuição para a cidade.
OE. E quais alianças políticas vocês esperam formar?
Matos. Estamos abertos a alianças políticas, mas a responsabilidade de dar uma melhor resposta a cidade é nossa e não vamos abrir mão dela. Nós queremos corresponder a confiança que nos foi dada para transformar o Ceará e queremos transformar Fortaleza. OE. O senador Tasso Jereissati tem se reaproximado de lideranças como o ex-ministro Ciro Gomes. Existe a possibilidade de aliança com o PDT para a eleição de 2020?
Matos. A nossa principal aliança é com a sociedade que está descrente, mas que pode ver na história do PSDB, nos últimos 30 anos, que não houve um caso de corrupção. Nós temos no Tasso Jereissati uma liderança política nacional. Embora o próprio partido tenha tido casos de corrupção, isso não aconteceu aqui no Ceará. (…) Os partidos políticos são importantes por causa do tempo de televisão. E, afinal de contas, num ambiente político se pode construir alianças políticas, mas a nossa principal aliança será com a sociedade. Nós queremos pegar esse cidadão que hoje poderia se chamar ‘omisso’ e ‘descrente’ se fosse perguntado a ele que resposta você dá a sua cidade. Quem é o protagonista da mudança de uma cidade é a própria sociedade.
OE. E esse processo já começou?
Matos. Eu acho que é o momento mais que oportuno para que essa aliança com a sociedade seja consolidada, para que nós possamos ter candidaturas a vereador com pessoas que nunca tiveram oportunidade de ser candidatos. Isso é uma força para além de qualquer partido político e nós estamos abertos a dialogar para viabilizar um projeto que possa mudar a cidade. Não está confortável, pra nós, ver uma cidade com a juventude abandonada, com pouca geração de trabalho e que tem uma degradação social crescente com drogas espaço de família reduzido. OE. É possível, então, que o PSDB entre na disputa sozinho, sem alianças? É possível vencer uma eleição em Fortaleza sem uma aliança eleitoral com diferentes siglas?
Matos. A história mostra que é possível. O PSDB lançou um candidato a prefeito em Rio Branco que saiu com meio por cento das pesquisas e ganhou a eleição. Nós vimos o [João] Dória em São Paulo que saiu com 4% e ganhou a eleição no primeiro turno. Em Fortaleza, qual era o analista político que poderia dizer que Luizianne Lins (PT) seria prefeita? A sociedade é livre e democrática e se ela enxergar alguém que quer transformar a cidade e quer fazer algo diferente, ela vem em socorro. E ela faz a própria chama crescer. E essa chama nova que gera surpresas na democracia OE. Então, na sua avaliação, o PSDB pode ‘surpreender’ em 2020?
Matos. Nós não temos uma expectativa de surpreender ou fazer uma promessa de que vai acontecer isso ou aquilo. Nós estamos, apenas, querendo revisitar os nossos compromissos. Nós acreditamos que dá pra fazer muito diferente do que está sendo feito e nós vamos conversar com a sociedade. Estamos conversando com os mais simples, com aqueles que sentem que o Estado e a prefeitura poderiam fazer diferente e não fazem. Então, ao ouvir isso, nós vamos formando essa convicção e se for um desejo da sociedade, e eu acho que é, nesse sentido sim pode vir uma grande surpresa. Mas não por capacidade nossa. Não por mérito nosso. Não porque estamos com instrumentos poderosos que serão capazes de fazer essa grande transformação. A grande riqueza que nós podemos vir a ter é a energia social. É a vontade das pessoas de fazer diferente e é a essa energia social que nós queremos nos alinhar.
Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado, o tucano falou sobre as estratégias eleitorais da legenda para a eleição municipal. “Nós precisamos voltar às origens e a nossa origem é 1986. Nós continuamos de lá, até aqui, na mesma pisada com pilares fundamentais. Nós precisamos tornar a própria população protagonista de seu futuro”, disse o ex-deputado.
A legenda iniciou uma série de reuniões nos bairros da periferia da capital para se aproximar das lideranças comunitárias e identificar quais as principais demandas da população. Entre os temas de destaque, segundo Matos, estão a falta de oportunidades para os jovens e uma política de habitação que pense na formação da comunidade.
Na avaliação do tucano, Fortaleza vive uma realidade “extremamente fragmentada”, com enormes desigualdades e, por isso, precisa ser “pensada de uma nova forma”. Abaixo, você confere os principais trechos da entrevista. A íntegra está disponível na TV O Estado, em nosso portal na internet.
O Estado. Como o PSDB pretende convencer a população de que está pronto para administrar a capital cearense?
Carlos Matos. O PSDB inaugurou aquilo que, hoje, me parece extremamente atual. Ele deu um tiro no fisiologismo, conseguiu formular políticas públicas, inclusive, de desenvolvimento. As principais políticas públicas que hoje ainda permanecem foram formuladas naquele período [durante o chamado governo das mudanças, em 1986]. Temos o Projeto São José e a valorização das comunidades para que elas possam ser protagonistas do seu futuro. “Nós precisamos voltar às origens e a nossa origem é 1986. Nós continuamos de lá, até aqui, na mesma pisada com pilares fundamentais. Nós precisamos tornar a própria população protagonista de seu futuro”.
OE. O PSDB iniciou uma série de reuniões nos bairros da capital. Qual o objetivo desses encontros?
Matos. Para 2020, estamos revisitando esses pilares e querendo construir a aliança que foi a nossa origem, com a própria sociedade. O PSDB nasceu em 1986, não pela força política, e sim pela força da sociedade que queria mudança e queria um novo tipo de política e isso continua extremamente atual.
OE. O que vocês já identificaram até o momento?
Matos. Nós estamos na sexta visita aos bairros e algumas coisas já ficaram evidentes. Primeiro, a falta de oportunidades para os jovens. Depois, um programa de moradia que possa ser mais expressivo. (..) A quinta maior cidade do Brasil, a maior cidade do Ceará, ela precisa ser pensada de uma nova forma. Muita coisa boa foi feita, vemos avanços em muitas áreas. Não dá, simplesmente, pra colocar o prefeito na berlinda e dizer que tudo está errado. Mas também não dá pra conviver estando entre as dez cidades mais violentas do País, tendo uma educação ‘mais ou menos’, não é uma educação de ponta, ela não faz diferença.
OE. E qual a diferença para a eleição deste ano?
Matos. Nós precisamos assumir a responsabilidade pela construção de uma nova cidade. O PSDB não quer abrir mão dessa responsabilidade. Nós não estamos partindo de uma vantagem eleitoral, de um nome extremamente popular. Mas, pela primeira vez, o PSDB se lança com antecedência e mostra que quer dar a sua contribuição para a cidade.
OE. E quais alianças políticas vocês esperam formar?
Matos. Estamos abertos a alianças políticas, mas a responsabilidade de dar uma melhor resposta a cidade é nossa e não vamos abrir mão dela. Nós queremos corresponder a confiança que nos foi dada para transformar o Ceará e queremos transformar Fortaleza. OE. O senador Tasso Jereissati tem se reaproximado de lideranças como o ex-ministro Ciro Gomes. Existe a possibilidade de aliança com o PDT para a eleição de 2020?
Matos. A nossa principal aliança é com a sociedade que está descrente, mas que pode ver na história do PSDB, nos últimos 30 anos, que não houve um caso de corrupção. Nós temos no Tasso Jereissati uma liderança política nacional. Embora o próprio partido tenha tido casos de corrupção, isso não aconteceu aqui no Ceará. (…) Os partidos políticos são importantes por causa do tempo de televisão. E, afinal de contas, num ambiente político se pode construir alianças políticas, mas a nossa principal aliança será com a sociedade. Nós queremos pegar esse cidadão que hoje poderia se chamar ‘omisso’ e ‘descrente’ se fosse perguntado a ele que resposta você dá a sua cidade. Quem é o protagonista da mudança de uma cidade é a própria sociedade.
OE. E esse processo já começou?
Matos. Eu acho que é o momento mais que oportuno para que essa aliança com a sociedade seja consolidada, para que nós possamos ter candidaturas a vereador com pessoas que nunca tiveram oportunidade de ser candidatos. Isso é uma força para além de qualquer partido político e nós estamos abertos a dialogar para viabilizar um projeto que possa mudar a cidade. Não está confortável, pra nós, ver uma cidade com a juventude abandonada, com pouca geração de trabalho e que tem uma degradação social crescente com drogas espaço de família reduzido. OE. É possível, então, que o PSDB entre na disputa sozinho, sem alianças? É possível vencer uma eleição em Fortaleza sem uma aliança eleitoral com diferentes siglas?
Matos. A história mostra que é possível. O PSDB lançou um candidato a prefeito em Rio Branco que saiu com meio por cento das pesquisas e ganhou a eleição. Nós vimos o [João] Dória em São Paulo que saiu com 4% e ganhou a eleição no primeiro turno. Em Fortaleza, qual era o analista político que poderia dizer que Luizianne Lins (PT) seria prefeita? A sociedade é livre e democrática e se ela enxergar alguém que quer transformar a cidade e quer fazer algo diferente, ela vem em socorro. E ela faz a própria chama crescer. E essa chama nova que gera surpresas na democracia OE. Então, na sua avaliação, o PSDB pode ‘surpreender’ em 2020?
Matos. Nós não temos uma expectativa de surpreender ou fazer uma promessa de que vai acontecer isso ou aquilo. Nós estamos, apenas, querendo revisitar os nossos compromissos. Nós acreditamos que dá pra fazer muito diferente do que está sendo feito e nós vamos conversar com a sociedade. Estamos conversando com os mais simples, com aqueles que sentem que o Estado e a prefeitura poderiam fazer diferente e não fazem. Então, ao ouvir isso, nós vamos formando essa convicção e se for um desejo da sociedade, e eu acho que é, nesse sentido sim pode vir uma grande surpresa. Mas não por capacidade nossa. Não por mérito nosso. Não porque estamos com instrumentos poderosos que serão capazes de fazer essa grande transformação. A grande riqueza que nós podemos vir a ter é a energia social. É a vontade das pessoas de fazer diferente e é a essa energia social que nós queremos nos alinhar.
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