É dando que se recebe,já dizia a oraçao de Sâo Francisco
Bolsonaro condiciona verba ao Nordeste a reconhecimento de governadores
Presidente estava no interior da Bahia para inaugurar uma usina de energia; ele minimizou atritos com governadores da região
Patrik Camporez, enviado especial, O Estado de S.Paulo
05 de agosto de 2019 | 16h09
SOBRADINHO (BA) - O presidente Jair Bolsonaro
afirmou nesta segunda-feira, 5, que não vai negar recursos aos Estados
do Nordeste, desde que os governadores divulguem que são parceiros do
governo. Segundo ele, “boa parte” dos governadores do Nordeste é
socialista, que não comungam dos mesmos interesses do seu governo.
O presidente Jair Bolsonaro na inauguração de uma usina de energia renovável em Sobradinho (BA)
Foto: Dida Sampaio/Estadão
"O que eu
quero desses respectivos governadores: não vou negar nada para esses
Estados, mas se eles quiserem realmente que isso tudo seja atendido,
eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair
Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles, vamos
divulgar obras junto a prefeituras", disse o presidente após a
inauguração de uma usina de energia que usa painéis solares instalados
sobre as águas do Rio São Francisco, em Sobradinho (BA). Reportagem publicada no Estadão/Broadcast
na semana passada mostrou que a Caixa Econômica Federal reduziu a
concessão de novos empréstimos para o Nordeste neste ano. Em 2019, até
julho, o banco autorizou novos empréstimos no valor de R$ 4 bilhões para
governadores e prefeitos de todo o País. Para o Nordeste, foram
fechadas menos de dez operações, que juntas totalizavam, naquela data,
R$ 89 milhões, ou cerca de 2,2% do total - volume muito menor do que em
anos anteriores. No entanto, segundo Bolsonaro, o Nordeste tem
recebido recursos abundantes. "Eu não estou aqui para fazer média. Não
estou aqui com colegas nordestinos para fazer média. Não existe essa
história de preconceito. Agora, eu tenho preconceito com governador
ladrão que não faz nada para o seu Estado", disse o presidente. O
governador da Bahia, Rui Costa, do PT, não participou do evento. No
último dia 23, ele também não participou da inauguração do aeroporto de
Vitória da Conquista (BA). "O meu relacionamento é com o povo do
Nordeste. Ninguém proibiu o governador de estar aqui. Da vez passada,
quando estive em Vitória da Conquista, ele determinou que a Polícia
Militar não participasse da nossa segurança. Então quem tem algum
preconceito é ele. Se ele viesse aqui seria muito bem vindo. Não teria
sido falado nada contra ele, ou hostilizado. Agora quem está com medo de
encarar seu próprio povo é ele e não eu", afirmou Bolsonaro. "Eu não
posso admitir que governadores como o do Maranhão e da Paraíba façam
politicalha no tocante à minha pessoa." O presidente voltou a
negar ter criticado os gestores estaduais, que são oposição ao governo
federal. “Eu cochichei no ouvido do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil)
e me referi ao governador da Paraíba e do Maranhão, que eles procuram
os nossos ministérios, conseguem coisas como outros, mas chegam em seus
respectivos Estados e descem a ‘burduna’ em cima de mim”, disse o
Bolsonaro, em referência a uma conversa captada por microfones da TV Brasil em que ele critica o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Daqueles
governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Não tem que ter nada
para esse cara”, afirmou o presidente, sem saber que estava sendo
gravado. Para Dino, a referência a “paraíba” foi uma forma pejorativa a
se referir aos nordestinos, o que Bolsonaro nega.
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