Um
pouco de história
Certa vez,
fazendo uma pesquisa na biblioteca da Câmara dos Deputados, encontrei alguns
textos sobre o Barão de Itararé. Fiquei curioso e comecei a ler. Gostei e fui
em frente. Quanta originalidade! Naquela ocasião, até para melhorar o meu
humor, larguei os dois compêndios de política, e passei a ler as tiradas do
Barão. Gostei dos seus ditos engraçados e astuciosos. Assim, conheci melhor
Apparício Torelly, o Barão de Itararé (1895-1971). Famoso por suas observações
satíricas e irônicas, desenvolveu um jornalismo inteligente em vários periódicos.
Sua vida foi caracterizada por momentos de muita dificuldade. Saúde precária,
pouco dinheiro, atividade política difícil, incompreendido, solitário, no
entanto sempre escreveu com muito humor. Exerceu com mais intensidade sua
atividade jornalística, na primeira metade do século XX, principalmente, no
período Vargas (1930-1945). Cansado de apanhar ao ser preso, concebeu a famosa
frase: “Entre. Sem bater”. Hoje, mencionada máxima é um lembrete nas portas de
muitos gabinetes. Vale a pena destacar outras máximas do Barão de Itararé, pois
continuam atuais: “Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo”; “De
onde menos se espera, daí é que não sai nada”; “Os juros são o perfume do
capital”; “Além dos aviões de carreira, há qualquer coisa no ar”; “O mal do
governo não é a falta de persistência, mas a persistência na falta”; “Sábio é o
homem que chega a ter consciência da sua ignorância”. O Barão contou com a
simpatia de renomados escritores, como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rubem
Braga, Raimundo Magalhães Júnior, Jorge Amado, e recebeu de Pablo Neruda uma
manifestação significativa: “Al Barón de Itararé, un grande entre los grandes,
con respeto le saluda de pie el poeta de los Andes”. Encerro este texto citando
mais um pensamento do Barão: “Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”.
Gonzaga
Mota
Prof.
aposentado da UFC
Ex Governador do Ceará e meu amigo
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