Francisco assegurou maioria para a escolha de sucessor, aponta estudo

O
papa Francisco, próximo de completar sete anos no comando do Vaticano,
já alterou o perfil dos cardeais que elegerão seu sucessor. Estabeleceu
uma maioria das correntes progressistas da igreja, com maior
representatividade de países fora do eixo europeu. Foi ainda o papa que
mais reconheceu santos, o que empenhou as mais profundas reformas na
estrutura da igreja e o que mais puniu clérigos acusados de abusos. Aos
83 anos completados neste mês, o cardeal argentino Jorge Mario
Bergoglio, tornado papa Francisco em conclave de 2013, reestruturou o
Vaticano de modo a ser peça fundamental na escolha do seu sucessor.
Estudo
do teólogo Fernando Altemeyer, da PUC-SP, mostra que hoje há 125
cardeais eleitores de eventual novo consistório: 16 foram indicados pelo
papa João Paulo II (papado entre 1978 e 2005), 42 são obra de Bento XVI
(2005-2013) e 67 do próprio papa Francisco. Fazendo as contas os
cardeais nomeados por ele e que seguramente seguem sua linha são maioria
(67 contra 58).
Leitores da coluna em que comentava o filme "Dois Papas", de Francisco Meirelles (https://bit.ly/2MEGWGy), questionaram o grau real de mudanças na Igreja Católica. Elas estão acontecendo, em velocidade perceptível. A
influência de Francisco também inspira mudanças no episcopado
brasileiro. Dos atuais 481 bispos vivos no Brasil, 310 estão na ativa e
171 são eméritos. O papa Francisco já indicou 106 bispos para a Igreja
do Brasil, um pouco mais de 1/3 dos bispos na ativa.
Para
dimensionar a igreja católica no mundo, o estudo de Altemeyer aponta
que há quase 5.500 bispos no mundo, tendo batizado 1,3 bilhão de pessoas
por ano. As instituições católicas dão aulas para quase 70 milhões de
alunos em todo o mundo.
Outra
característica de Francisco foi de se ter tornado o papa moderno que
mais reconheceu santos _898 contra 482 de João Paulo II e de 45 de Bento
XVI. Há processos que postulam a canonização de diversas personalidades
ligadas ao clero progressista brasileiro: dom Helder Câmara, o operário
Santo Dias da Silva, o frade domenicano Tito de Alencar, a irmã Dorothy
Mae Stang e até o indígena pataxó Galdino Jesus dos Santos. São nomes
que dificilmente teriam chances de ser canonizados nos papados
anteriores ao de Francisco.
Não
dá para limitar a análise das mudanças da igreja a temas dogmáticos
como a discussão aborto x direito à vida, Uma das instituições mais
fortes e influentes do mundo, a Igreja Católica é uma estrutura de poder
que se move. Lentamente, mas se move.
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