Ameaçado pela "bete"
Nunca tive medo de morrer. Na verdade nunca
tive medo. De nada! De ninguém! Só me assombra esse negócio de ficar
doente. Mas medo mesmo, nem tchum. Pois bem; meu compadre Elias Geovani
Boutala Salomão lá atrás,no tempo, ensinava: Vá andar. Vá andar.Confesso
que apesar de ter sido um atleta razoavel na juventude, tirei o dedo da
tomada. Parei com a física. Muito tempo dedicado ao valoroso esporte do
alterocopismo, fui deixando para lá.
Agora, fui ameaçado pela beth. A bete se anunciou quando visitava, a
trabalho, no meio do ano passado, o complexo do Inhotin, nas beiradas do
desastre de Brumadinho. Uma mineira depois de furar meu dedo e medir 12
por 8 a pressão, deu-me um papelzim e sugeriu que na segunda feira (era
sábado) eu procurasse um médico e mostrasse aquele papel. Na segunda,
já em casa, o primeiro doutor que encontrei foi o Lucilvio Girão, médico
e deputado estadual. - Béisso aqui Lucilvio, perguntei. Olhou, fraziu a
testa e vaticinou: Ta fudido! Marcava lá: Teste glicêmico - 260. Não
fazia a menor idéia do que diabos era aquilo. Passou um remédio e me
mandou procurar um colega, lá dele, pra me orientar. Fui e deitei a
tomar um tal de XR500 mg. No começo dois por dia. E foram-se anéis:
refri, pães,bolo,doce,geléias,massas e o escambau. Entraram, sem pedir
licença, flores, fruta e verduras. Em um mês deixaram só os dedos com 10
quilos a menos. De lá pra cá, medidas do jejum todo sábado. Tem dado
mais ou menos no rumo, dizem especialistas - jamais vi tanta gente com a
mesma ameaça e com tantas receitas -. 110, 120, pela aí. Sim, mas isso
tudim aí é só o pretexto pra contar, a história do meu compadre Elias,
Salomão, e agora dos carões do Raimundo Fágner. Um, ecoa na memória...vá
andar, vá andar... que nem Camões dizendo pela boca do Velho do
Restelo...não embarquem, não embarquem...o mar vai lhes matar!!! O
outro, o do Orós foi um desafio. Eu tomo esses negócio aí, mas ando.
Ando muito...e saiu pra andar. Ameaçado pela bete, danei-me a andar na
beira mar, aqui na beirada de casa. E voltei a ver como a vida na beira
mar é engraçada. Vou contar só uma pra não esvaziar o texto em que
pretendo contar uns causos...Ali perto dos barcos, mais ou menos na
frente do edifício Marinho de Andrade, quando eu passava ontem um
cachorro latia lá pra dentro. Mais que o latido foi bom ouvir o carão da
mulher, que não vi...no cachorro...-Cala a boca baitola véi!
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