Bolsonaro mira a imprensa e acerta a sociedade
Jair Bolsonaro voltou a exercitar nesta segunda-feira seu esporte predileto: tiro à mídia.
Comparou jornalistas a animais como o mico-leão dourado. "Vocês são uma
espécie em extinção. Eu acho que vou botar os jornalistas do Brasil
vinculados ao Ibama. Vocês são uma raça em extinção", declarou.
Pesquisa Datafolha
divulgada no mês passado revelou que a grossa maioria dos brasileiros
(80%) desconfia de Bolsonaro — 43% nunca confiam naquilo que o
presidente da República declara, 37% confiam só de vez em quando. Apenas
uma minoria (19%) confia 100% no que escorre dos lábios do inquilino do
Planalto.
Quer
dizer: Bolsonaro acha que é uma coisa. Mas sua reputação indica que já
virou outra coisa. Considera-se um espécime da "nova política". Alardeia
um versículo do Evangelho de João: "Conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará". É visto, porém, como uma espécie de fake presidente.
Irritado com notícia veiculada pelo UOL,
o capitão disparou: "Quem não lê jornal não está informado. E quem lê
está desinformado". Bobagem. A imprensa não ficou pior. O eleitorado é
que vai descobrindo que a hipotética avis rara do Planalto é o que sempre foi: um político com 30 anos de mandatos e vícios.
Ao
atacar a mídia, Jair Bolsonaro revela-se não apenas um político
convencional —grosso modo falando. Demonstra ter uma pontaria precária
para um capitão. Aponta para os repórteres e acerta pelas costas o
pedaço da sociedade que desconfia do presidente. Faria um favor a si
mesmo se trocasse a crítica pela autocrítica.
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