O PDT cearense realizou neste domingo (24) a convenção estadual do partido, que lançou oficialmente a candidatura de Roberto Cláudio para o Palácio da Abolição. O ex-prefeito de Fortaleza havia sido definido como o postulante pedetista na última segunda-feira (18), quando o diretório estadual da legenda escolheu seu nome por 55 votos a 29, em disputa interna com a atual governadora, Izolda Cela.
O evento, que ocorreu no fim da manhã, contou com a participação do presidenciável Ciro Gomes, do presidente nacional do partido Carlos Lupi, do prefeito de Fortaleza José Sarto e de diversos deputados e vereadores do PDT. Também foram lançadas, na ocasião, as candidaturas a deputado estadual e federal que vão disputar na eleição de outubro.
A convenção foi realizada no Colégio Farias Brito, no Centro, que esteve lotado com a presença de militantes e apoiadores, que seguravam faixas e bandeiras do partido e de candidatos. A Rua Senador Pompeu permaneceu congestionada durante todo o evento, com partidários tomando as calçadas.
O senador Cid Gomes e a governadora Izolda Cela não participaram da cerimônia, em meio ao clima de tensão entre os dois e Ciro Gomes. Cid, que nos últimos meses se ausentou das conversas do partido sobre a definição do candidato, tinha preferência pela indicação de Izolda – assim como Ivo Gomes, prefeito de Sobral. Os dois também não haviam comparecido à convenção nacional do PDT, que lançou a candidatura de Ciro à Presidência. Também neste domingo, o ex-governador Camilo Santana (PT) publicou nas redes sociais sobre a parceria que desenvolveu com Cid e Izolda: “Amigos que a vida me deu e que ninguém separa. Respeito, carinho e união sempre.”
Ciro
Na ocasião, Ciro desfilou elogios a Roberto Cláudio e teceu um histórico do grupo político que lidera no Ceará, passando pelas eleições de 2002 e de 2014 e alfinetando, respectivamente, os desafetos José Airton Cirilo (PT) e Eunício Oliveira (MDB), que disputaram contra candidatos apoiados por Ciro em seus respectivos pleitos. Hoje, ambos estão juntos em torno da candidatura petista, cujo arco de alianças inclui o MDB e outros partidos.
Também durante seu discurso, Ciro novamente insinuou que Camilo tenha traído seu grupo político por interferência de Lula, em troca de “um carguinho de ministro”. “Nosso povo não tem culpa da vaidade, da prepotência de lideranças que, uma vez construídas nessa luta e ao redor desse projeto agora servem por uma ninharia, um punhado de nada ou um carguinho de ministro”, disse ele.
A declaração tem como pano de fundo o rompimento entre o PT e o PDT, efetivado no início da última semana após a escolha pelo nome de Roberto Cláudio para candidato a governador. O PT e outros partidos da base aliada defendiam abertamente a indicação de Izolda e pleiteavam participar da escolha do candidato, uma vez que compunham a base governista. O PDT decidiu o nome por votação interna do partido, o que foi interpretado pelos petistas como um rompimento unilateral da aliança. Camilo, originalmente apadrinhado político de Ciro e Cid Gomes, endossou a decisão do PT.
As falas de Ciro chegaram a evocar a figura de Judas: “[Essas lideranças] frequentam os caminhos de Judas, mas até Jesus, nosso senhor filho de Deus, entre 12 amigos apenas tinha um que lhe empurrava a faca beijando seu rosto, quanto mais um pobre pecador humilde como eu.” Ele pede ainda que as lideranças partidárias do Ceará tenham cuidado e “calcem a sandália da humildade” porque o candidato que hoje está à frente nas pesquisas é o opositor apoiado por Jair Bolsonaro – em alusão a Capitão Wagner (União Brasil).
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