No dia em que foram realizadas manifestações do 7 de setembro com adesão massiva de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), os pronunciamentos de diversos políticos cearenses pautaram, de modo mais ou menos direto, a defesa da democracia ao destacar a data. Apoiadores do mandatário, por sua vez, destacaram a participação nos atos de rua.
O prefeito José Sarto (PDT), ao tratar do tema, disse que “nosso dever tem de ser com a defesa do estado democrático de direito, das instituições e de um país mais justo e igualitário. Essa data não pode ser pretexto para manifestações que atentam contra esses valores nem servir de palanque eleitoral com uso da máquina pública”.
O ex-governador e candidato ao Senado Camilo Santana (PT) também tocou no tema, mas de modo menos incisivo: “Que os verdadeiros valores da democracia sejam reafirmados neste Dia da Independência, que completa 200 anos. Nações verdadeiramente livres têm o respeito e a democracia como elementos fundamentais.” Foi o que também fez a atual governadora Izolda Cela (sem partido), assinalando que “para um tempo de prosperidade é necessário respeito, ordem, justiça social, tolerância e mais harmonia”.
O candidato do PDT ao Palácio da Abolição, Roberto Cláudio, pontuou que “é momento de olhar com mais carinho e atenção para o futuro e a democracia, protegendo os valores que nos fazem uma verdadeira nação”. Já Elmano de Freitas (PT) preferiu focar em mensagens da própria campanha, dizendo que “a verdadeira independência está em oferecer oportunidades, em construir um país com as pessoas e para as pessoas. Estamos aqui, lado a lado e de mãos dadas para fazer um Ceará e um Brasil três vezes mais forte.”
Capitão Wagner (União Brasil) também evitou abordar o tema, sem citar democracia ou atos pró-Bolsonaro. “O verdadeiro significado de ‘independência’ é quando as pessoas estão em paz, e satisfeitas com sua condição de vida. E é pra isso que a gente vai trabalhar, para que os cearenses possam viver dias melhores”, escreveu ele em pronunciamento feito nas redes sociais. Wagner, apesar de concentrar a preferência dos eleitores de Bolsonaro, tem evitado se colar ao mandatário, na intenção de manter um palanque aberto a outros presidenciáveis – a decisão se dá em um cenário em que Bolsonaro apresenta ampla rejeição no estado.
“Neste dia da independência reafirmamos nossa luta em defesa da democracia, emprego e renda para o povo brasileiro”, disse, por sua vez, o deputado federal José Guimarães (PT). Sua colega de bancada, Luizianne Lins (PT) disse que “o Brasil chega ao 7 de Setembro com sua independência atacada por um presidente que não respeita a democracia, a soberania e o povo brasileiro”, pedindo ainda voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em atos realizados nesta quarta-feira (7) em diversos estados brasileiros, manifestantes atacaram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Supremo Tribunal Federal (STF) e outras instituições, incluindo colocações com insinuações golpistas. O avanço de discursos dessa natureza vem intensificando, nos últimos meses, a discussão sobre ataques à democracia e sobre a possibilidade de rompimento do sistema democrático a partir da disputa eleitoral deste ano.
Fortaleza
Fortaleza foi uma das cidades em que houve, além do tradicional desfile militar do Dia da Independência, manifestação de apoiadores de Bolsonaro, ocorrida na Praça Portugal, na Aldeota. Na ocasião, os manifestantes seguiram o caminho dos atos nacionais, com mensagens contra o Supremo e a Justiça Eleitoral e rechaçando Lula, principal oponente de Bolsonaro ao Palácio do Planalto. O evento teve a participação de parlamentares bolsonaristas de destaque no estado, como os vereadores Carmelo Neto (PL) e Inspetor Alberto (PL) e o deputado estadual André Fernandes (PL).
Durante a manhã, ocorreu o desfile do bicentenário da independência, de caráter oficial, na Beira Mar. Foi o primeiro ano em que o desfile ocorre na capital cearense desde o início da pandemia da covid-19. O evento contou ainda com a participação de mais de 3 mil estudantes e integrantes de entidades que marcharam durante o cortejo. As manifestações políticas ficaram, em grande parte, reservadas ao ato na Praça Portugal.
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