Bolsonaro usará bicentenário da independência como marketing político eleitoral
A analista Carolina Botelho explicou que os eventos planejados por Bolsonaro no Rio de Janeiro mostram que mantém a estratégia de falar com o seu público, que se tem tornado cada vez mais coeso, mas também mais restrito. A anállise está no jornal Diário de Notícias,de Lisboa.
A celebração do bicentenário da independência do Brasil na cidade do Rio de janeiro, em 7 de setembro, será usada como uma peça de 'marketing' político eleitoral do Presidente, Jair Bolsonaro, avaliou a investigadora social Carolina Botelho.
Falando sobre a apresentação aérea da Esquadrilha da Fumaça, parada naval e exibição do Exército no dia 7 na praia de Copacabana, a pedido de Bolsonaro e juntamente com uma iniciativa a favor de sua reeleição, Carolina Botelho avaliou que a festa dos 200 anos da independência do Brasil de Portugal, em vez de marcar um ato cívico dos brasileiros, será inevitavelmente associada à campanha eleitoral do Presidente."Esse é o grande alvo dele. A estratégia dele [Bolsonaro] é em direção a uma ação eleitoral (...) É só mais uma peça de um 'marketing' político visando o período eleitoral", considerou a investigadora do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Doxa/Iesp/UERJ). Carolina Botelho também explicou que os eventos planejados pelo chefe de Estado brasileiro no Rio de Janeiro mostram que mantém a estratégia de falar com o seu público, que se tem tornado cada vez mais coeso, mas também mais restrito."Ele [Bolsonaro] não faz nenhuma questão de falar para outros grupos, então assim, isso é mais uma peça da campanha deles que eles têm usado. Não abandonou a estratégia de manter este grupo [de apoiantes] sempre unido", destacou. O uso político de uma data cívica que diz respeito a todos os brasileiros, e não apenas aos apoiantes do atual Presidente, porém, pode não surtir o efeito desejado e afastar eleitores se o chefe de Estado repetir um discurso radical usado na mesma data no ano passado, quando Bolsonaro declarou que não respeitaria mais decisões judiciais de um membro do Supremo Tribunal Federal, o juiz Alexandre de Moraes, a quem também chamou de "canalha". (Continua abaixo)
A frase: "Consegue-se medir a importância que o governo de Jair Bolsonaro atribuiu à Cultura através dos cinco secretários de estado da pasta que escolheu em quatro anos no poder - dois desconhecidos, um fã do nazi Joseph Goebbels, uma atriz de passagem por Brasília e um ex-galã da novela juvenil Malhação". Do Diário de Notícias.
Como vêm Bolsonaro (Nota da foto)
A celebração do bicentenário da independência do Brasil na cidade do Rio de janeiro, em 7 de setembro, será usada como uma peça de 'marketing' político eleitoral do Presidente, Jair Bolsonaro, avaliou à Lusa a investigadora social Carolina Botelho.
Observando as pesquisas
"Se tiver algum efeito nesse momento, com o atual estágio [da campanha] e as evidências das sondagens que temos observado vai ser um efeito negativo. [A mensagem] não vai para além da bolha [grupo de apoiantes] dele", destacou a analista.
Além dos bolsonaristas
"Nos outros grupos [de eleitores], sejam os indecisos, sejam aqueles que de alguma forma votaram em Bolsonaro em 2018, mas estão muito desmotivados, ele não vai ganhar voto", apontou.
A polarização
Carolina Botelho explicou que as sondagens eleitorais sobre as presidenciais brasileiras, disputadas em outubro, têm mostrado que os principais grupos de eleitores são deslocados em torno de dois nomes: Luis Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro.
Fuga do eleitor
No entanto, a investigadora social avaliou que "aqueles que já votaram no Bolsonaro e agora estão indecisos ou de certa forma já convictos de que não vão voltar a votar nele saem exatamente por causa do radicalismo".
A bolha
"O efeito desse ato [no dia da independência], não vejo como algo em que ele [esteja] furando a bolha [obtendo novos apoios] vejo ele se distanciando cada vez mais de um eleitorado minimamente moderado", acrescentou.
Olhando os militares
A investigadora também ponderou que a presença das Forças Armadas num ato que será usado em campanha indica que parte dos militares apoiam Bolsonaro, mas não se sabe qual a percentagem desse grupo.
Condescendência
"Há uma certa condescendência e uma certa fechada de olhos bastante providencial por parte das Forças Armadas em relação ao comportamento radical do Presidente", frisou a analista.
Isolamento
Carolina Botelho concluiu alertando que eventos do bicentenário que procuram associar a festa da independência e os militares a Jair Bolsonaro mostra ao mundo que o governante brasileiro "bagunça regras institucionais para atender seu próprio público" e, isto, ao invés de projetar força, indica que está cada vez mais isolado.
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