O terceiro debate a governador do Ceará, realizado nesta segunda-feira (12), foi marcado por embates entre os candidatos Elmano de Freitas (PT), Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil), que pautaram principalmente as trajetórias políticas dos adversários, em comparação às suas próprias. A tensão permaneceu alta durante todo o debate, que foi realizado por iniciativa do Grupo de Comunicação O POVO, com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE).
Elmano fez questão de destacar, durante a discussão, a participação de Wagner no movimento que levou aos motins policiais de 2020 no Ceará, após o candidato do União Brasil ter dito que “se garante” e que iria executar as propostas por ele colocadas. “O candidato agora fala ‘eu me garanto’, eu acho que ele se garante bastante mesmo em motim, isso eu sei que se garante”, disse o deputado, que foi relator, na Assembleia Legislativa, da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apurou sobre a possível participação das associações militares do estado no movimento dos amotinados.
“Queria reafirmar que o radicalismo e o ódio não vão levar ninguém a canto nenhum”, respondeu Wagner, ao que Elmano retrucou que “o problema do ódio e sua aparente tranquilidade é que não vi isso para ‘se garantir’ quando teve motim de policial, policial que tomou viatura de outro policial armado, policial que mandou o comerciante fechar loja, não vi você se garantir. Vi você omisso, vi você fraco, vi você sem coragem de dizer o que tinha que ser dito”, disse ele, destacando que o número de homicídios no estado subiu para 312 no mês em que ocorreram as paralisações dos agentes de segurança.
Capitão Wagner, por sua vez, ao tratar dos adversários, focou no fato de que estiveram juntos na administração estadual desde 2006 e que algumas das propostas hoje apresentadas por Elmano e RC não foram implementadas ao longo dos últimos 16 anos. “Os adversários tiveram 16 anos para melhorar a segurança pública e não preciso dizer o que está acontecendo. Temos hoje 50 mil mortes a partir da gestão dos 16 anos que os adversários fizeram aqui no Ceará”, disse ele em uma das colocações.
O argumento, no entanto, foi usado também em outras ocasiões – “o cearense é muito inteligente para escutar esse tipo de proposta e achar que é verdade. Vocês tiveram 16 anos e implementaram bases do Raio [Batalhão de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas] em 59 municípios, e você está dizendo que em quatro anos vai implementar em 125 municípios?”, questionou ele a Roberto Cláudio, cujo grupo político rompeu com o de Elmano e Camilo Santana (PT) no último mês de julho.
O ex-prefeito de Fortaleza, retomando a estratégia que já vinha empregando desde o início da campanha, destacou que é o único dos três que tem experiência no Poder Executivo, com os oito anos em que esteve à frente da capital – Elmano disputou a Prefeitura de Fortaleza duas vezes (uma como titular de chapa e outra como vice) e a de Caucaia uma vez, não tendo sido eleito; Wagner, por sua vez, também tentou ser prefeito de Fortaleza duas vezes.
Apoios
Também voltam à tona, nas discussões, os embates relacionados aos apoios políticos que cada candidato tem, com troca de acusações e críticas. Foi o caso, por exemplo, quando Roberto Cláudio voltou a colar em Elmano o nome da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), sua antecessora na administração municipal – em oposição às associações mais exploradas pela campanha de Elmano, a Camilo e Lula.
“O Elmano, é bom lembrar, foi secretário da prefeita Luizianne”, disse ele, ressaltando que professores da rede municipal estiveram em greve por um ano enquanto o petista foi secretário de Educação; “É plano do marketing, mesmo, esquecer de citar a ex-prefeita Luizianne, que lhe deu oportunidade e de quem você foi secretário?”, questionou em outro momento. “Parece que plano de marketing mesmo é a sua obsessão por Luizianne. Homem, estamos na eleição para governador do Ceará!”, retrucou Elmano, passando a associar RC à atual gestão de Fortaleza, de José Sarto (PDT), apoiado pelo pedetista.
Elmano, além disso, também disse a RC que “você que esconde o seu, você não fala do seu padrinho”, em referência ao presidenciável Ciro Gomes (PDT). Ele ainda voltou a associar Wagner ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que o apoia, referindo-se a ele como o “presidente que ele ajudou a eleger e ajudou a governar o Brasil”. Roberto Cláudio, por sua vez, associou Elmano ao ex-senador Eunício Oliveira (MDB), que está na coligação do PT e doou R$ 500 mil à campanha do petista.
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