Homem indígena, negro, usando cocar na cabeça feito com penas de aves azuis e pretas e uma camisa preta. Na ocasião ele está falando no microfone com um dos braços levantados. Atrás dele há galhos e folhas de uma árvore grande
Cinco dentre as sete organizações que compõem a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apoiam o nome do cearense Weibe Tapeba para ser o titular do Ministério dos Povos Originários, no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O novo Ministério vem como uma resposta às lutas dos Povos Originários brasileiros e deve ser criado pelo governo do Lula junto com outros inéditos que deverão ser incorporados aos já existentes.
As articulações para emplacar o nome de Weibe Tapeba no pleito para assumir ao Ministério ganharam força no último Fórum das Lideranças Indígenas, realizado pela Apib, em Brasília, quando o nome do indígena cearense foi um dos mais cogitados pelas instituições, que em seguida levaram a proposta para ser discutida em suas regiões.O Fórum também teve como objetivo discutir estratégias de incidência no próximo governo a partir de ações emergenciais para o período de transição, referentes aos desdobramentos do orçamento do ano que vem direcionado para as políticas públicas voltadas para os povos originários.
Weibe Tapeba ressalta que é uma alegria contar com a criação do Ministério dos Povos Originários e que as lideranças indígenas estão trabalhando para construir uma identidade de um Ministério que se comprometa com a reconstrução da política indigenista no Brasil, que para ele, vai desde a retomada dos processos de demarcação de territórios indígenas, proteção e gestão desses territórios até ações de políticas públicas de educação, saúde, cultura e outros âmbitos que possam alcançar os territórios indígenas. “Fico honrado de ter sido cotado. O que importa é que o nome escolhido seja decidido pelo movimento indígena nacional e traga a unidade que precisamos. É hora de unir forças e avançar na política indigenista”, afirmou o líder indígena. Para tanto, é necessário ainda que a Apib venha a ter autonomia para indicação de um nome para o Ministério. Contudo, em caso de uma indicação política partidária, Weibe avalia que é uma situação que requer a análise de outros cenários.“O fato é que nós temos defendido a unidade para que não haja nenhum tipo de ruptura, fragmentação do movimento. Nós entendemos que esse Ministério precisa estar comprometido com a reconstrução da política indigenista brasileira e precisamos ajudar o Lula a governar esse país. É o compromisso principal. Esperamos que o movimento indígena saia unido, coeso, e que a nova pasta seja uma solução, um braço para tentarmos recuperar a política de regularização dos nossos territórios. Esperamos também que nossa relação com o governo Lula seja a mais respeitosa possível”. Outros nomes para estar à frente do Ministério dos Povos Originários também estão sendo cogitados como da deputada federal Joênia Wapichana, que não foi reeleita, e da deputada federal eleita Sônia Guajajara.
As lutas de Weibe Tapeba
Weibe tem 39 anos, é indígena do Povo Tapeba, nascido na Aldeia Lagoa dos Tapeba, no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no Ceará, e tem ampla atuação no movimento indígena brasileiro. Iniciou sua militância como professor indígena; exerceu o cargo de coordenador regional substituto da CR Nordeste 2, da Fundação Nacional do Índio (Funai). O cearense também integrou diversas instâncias de controle social, com destaque para a Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena (CNEEI) e o Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI), e acumulou a função de relator da Subcomissão de Terra e Território.Hoje, Weibe é coordenador da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e vereador de Caucaia, no seu segundo mandato, tendo sido o candidato indígena com maior votação nas últimas duas eleições municipais no Brasil. Além disso, também é o primeiro advogado indígena do Ceará e integra o Escritório de Advocacia Popular Indígena Ybi, o primeiro a ter advogados indígenas do país. É ainda integrante do Departamento Jurídico da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e é membro da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Indígenas do Brasil.Weibe colaborou com a campanha do governador eleito do Ceará, Elmano de Freitas (PT), como coordenador dos Comitês Populares junto aos povos originários do Estado e é cogitado para assumir a Secretaria Estadual de Políticas para Povos Indígenas. É filiado e membro titular do Diretório do PT-CE, além de integrante do Setorial de Assuntos Indígenas do PT estadual e Nacional.
Com colaboração de Alice Sales/Eco Nordeste
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