A cerca de 18 meses da próxima eleição municipal, os partidos já adiantam articulações que têm como pano de fundo a disputa do próximo ano. Na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), os acertos entre as legendas e diferentes agentes políticos interferem na dinâmica dos demais municípios da vizinhança, incluindo a capital.
União Brasil
Maracanaú, em meio a isso, surge como um dos principais cenários. O prefeito Roberto Pessoa (União Brasil), tem preparado o grupo político que ele comanda para disputas em diferentes municípios: além de sua própria candidatura em Maracanaú, em reeleição, a intenção é lançar nomes também em Caucaia e Pacatuba, respectivamente com Emília Pessoa e Firmo Camurça. Isso sem contar com a candidatura de Capitão Wagner à Prefeitura de Fortaleza, como o próprio já sinalizou que pretende disputar mais uma vez.
Wagner, inclusive, tem atuado diretamente sob Roberto Pessoa, desde que assumiu a Secretaria Municipal da Saúde, em seu primeiro cargo no Poder Executivo desde que ingressou na política. Ele foi efetivado na pasta este ano, após ter perdido, em 2022, a eleição ao Governo do Estado, ficando assim sem o cargo de deputado federal que ele tinha até então. Wagner, com isso, deve se candidatar a prefeito de Fortaleza pela terceira vez, após ter sido derrotado em 2016 por Roberto Cláudio (PDT) e em 2020 pelo atual prefeito José Sarto (PDT) – nas duas ocasiões, ele disputou o segundo turno.
O grupo de Capitão Wagner demonstra força principalmente na Região Metropolitana, com ele tendo chegado a liderar a disputa ao Governo do Estado em Fortaleza. O atual governador Elmano de Freitas (PT) ampliou vantagem no interior, o que o levou a vencer a disputa já no primeiro turno. O movimento de tentativa de expansão para outros municípios vizinhos é, portanto, esperado, mas deve encontrar adversários fortes também nessas cidades.
PL
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e que é liderado no Ceará pelo prefeito do Eusébio, Acilon Gonçalves, é a outra principal força política que procura expandir forças nesse cenário. Acilon, cujo partido compôs a chapa de Wagner ao Governo do Estado em 2022, indicando o vice, atua para lançar candidato próprio em Maracanaú e passar por cima de Roberto Pessoa. A sigla, que hoje também tem sob seu domínio os municípios de Aquiraz, Beberibe, Pindoretama, Cascavel e Itaitinga, trabalha com a perspectiva de ter o deputado Júnior Mano disputando a Prefeitura de Maracanaú em 2024.
“Maracanaú está precisando de um gás novo, de uma liderança nova. O prefeito Roberto Pessoa teve sua importância lá, trabalhei com ele, mas o prefeito está passando na política e precisa de um homem de sangue novo, um homem que tem o perfil trabalhador que tem o prefeito Roberto Pessoa”, disse no último mês o vereador Bruno Mesquita (PL), novo integrante do partido em Fortaleza.
A entrada de Bruno Mesquita na sigla, por sua vez, tem significância para as articulações na capital, uma vez que foi mais um passo na reaproximação em curso entre o PL e o prefeito José Sarto. O partido discute a possibilidade de lançar nome próprio ao Paço Municipal, mas também não descarta se aliar ao pedetista e compor sua chapa, em 2024, com indicação de candidato a vice.
Essa aproximação foi enfatizada, em especial, com a indicação do prefeito ao ex-deputado Raimundo Gomes de Matos (PL) para presidir a Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) – Gomes de Matos, vale lembrar, foi vice na chapa de Capitão Wagner ao Governo do Estado no ano passado. A indicação chegou a ser motivo de polêmica na Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), com petistas e até ex-aliados de Sarto do próprio PDT tendo criticado o movimento.
PT
Devendo chegar nas eleições de 2024 com força redobrada no cenário local, o PT trabalha a discussão de nomes para Fortaleza e outros municípios da Região Metropolitana. O partido chegará na disputa com as máquinas do governo estadual e do governo federal a seu favor, com destaque a Lula e Camilo Santana como cabos eleitorais. O deputado federal José Guimarães (PT), líder do governo Lula na Câmara, já adiantou que o partido deve lançar nome em Fortaleza, como tem feito em todas as últimas eleições municipais.
Os governistas, no entanto, tendem a não lançar candidato em Caucaia, tendo se aproximado do prefeito Vitor Valim, que deve disputar reeleição. Valim, eleito em 2020 apoiado por Capitão Wagner – e derrotando o hoje governador Elmano de Freitas (PT) – se distanciou do grupo político que esteve com ele até então, incluindo o vice-prefeito Deuzinho Filho (União Brasil) e o deputado estadual Felipe Mota (União Brasil).
Nenhum comentário:
Postar um comentário