Desde a última sexta-feira, 18, o Hospital do Coração de Sobral está com os atendimentos ambulatoriais em cardiologia, cirurgias eletivas e hemodinâmica suspensos. De acordo com as informações divulgadas, a paralisação das atividades na unidade filantrópica foi motivada pela falta de repasse de cerca de R$ 2 milhões. O Sindicato dos Médicos do Ceará encaminhou à Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) um ofício urgente solicitando a efetivação do pagamento do extrateto que foi aprovado em reunião com o Conselho Estadual de Saúde (CESAU) no dia 10 de julho e deveria ter acontecido até o dia 16 de agosto.
Foto: Divulgação
No momento, só estão sendo recebidos na unidade os casos de infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST e de BAVT. Outras condições estão sendo encaminhadas para outros hospitais. A suspensão do atendimento ambulatorial em cardiologia ocorrerá por tempo indeterminado. As demandas eletivas da hemodinâmica e cirurgias cardíacas eletivas também não estão acontecendo.
Além disso, o Sindicato dos Médicos afirma que escalas médicas de plantão na Unidade Coronariana (UCO), UTIs e Pronto Atendimento só estão preenchidas até o dia 31 de agosto, depois disso, não há escalas. “O Hospital do Coração de Sobral abrange cerca de 57 municípios que fazem parte dessa macrorregião e grande parte dessa população já está sendo afetada pela falta de atendimento desde a paralisação. Estimamos que esse número pode chegar a até 1,8 milhão de pessoas”, pontua o diretor do sindicato, Dr. Edmar Fernandes.
De acordo com ele, o valor é referente ao extrateto que o Hospital do Coração trabalhou entre junho de 2021 e junho de 2022. “Na época da covid, eles trabalharam mesmo sem receber recursos do Estado e existe esse débito que a SESA já tinha reconhecido. Inclusive, o pagamento já foi aprovado pelo CESAU, mas até agora o repasse não foi feito”, explica. O Dr. Fernandes reforça que a unidade em questão é fundamental para a cidade de Sobral, uma vez que é a única que possui especialidade em cardiologia e consegue atender as necessidades integrais para essa área da saúde. “O Hospital é equipado e conta com profissionais que atuam diretamente nos mais diversos casos cardiológicos, conseguindo suprir essa demanda de Sobral e das regiões vizinhas. Por isso, é tão importante garantirmos os repasses e a estrutura física e emocional adequada”, defende.
O sindicato também solicitou à Sesa que tomasse providências urgentes no tocante ao repasse do montante relativo à Política de Hospital Polo nas especialidades de clínica cardiológica e cirurgia cardiológica, uma vez que o valor do extrateto não seria suficiente. A entidade reforçou ainda, o pedido de credenciamento do Hospital do Coração na especialidade de anestesiologia e a habilitação das UTIs.
Problema recorrente
Edmar Fernandes lembra que as questões relacionadas à falta de repasses do Poder Público são frequentes. Em junho, o Sindicato dos Médicos chegou a desenvolver uma campanha divulgada através das redes sociais e em outdoors em Sobral para alertar a população sobre os riscos de encerramento das atividades no local. “Monitoramos constantemente como estão as condições nos hospitais e nos deparamos diversas vezes com a falta de repasse do Poder Público. Existem médicos do Hospital do Coração de Sobral que já estão há oito meses sem receber os devidos salários, além de profissionais que terceirizam insumos como luvas, máscaras, medicamentos e outros itens necessários para atendimentos cirúrgicos e de outros procedimentos”, denuncia.
Procurada pela reportagem, a Sesa informou que o Governo do Estado repassa, mensalmente, R$ 186,6 mil para manutenção dos serviços clínico e cirúrgico de cardiologia do Hospital do Coração de Sobral. “O repasse está em dia”, disse a secretaria. Além disso, conforme o órgão, na última sexta-feira foi publicado um decreto que liberou um extrateto no valor de R$ 2.427.902,57 para apoio financeiro suplementar à unidade filantrópica.
Por Yasmim Rodrigues-Jornal OEstadoCe
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