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O Ceará entra na corrida pelo mineral do futuro
Na medida em que o mundo todo busca o lítio para a transição energética, governo precisa investir em pesquisa para atrair investimentos
Mineral essencial no momento em que o mundo busca a chamada transição energética e uma economia de baixo carbono, o lítio pode ser a mais nova fonte de riqueza e investimentos nos próximos anos, inclusive para o Ceará. Pela sua eficiência energética, o lítio é utilizado na fabricação das baterias que estão nos veículos elétricos. Estratégico, esse recurso já está na mira de empresas e governos.
Em 2022, o Governo Federal flexibilizou as exportações de lítio por meio de um decreto. Em setembro deste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encaminhou ao Congresso Nacional o “Projeto de Lei do Programa Combustível do Futuro”, que incentiva a descarbonização da matriz energética de transportes, entre outros pontos. O projeto deve alavancar o setor mineral no país.
No Ceará, a empresa australiana Oceana Lithium anunciou no fim do ano passado que vai investir R$ 22 milhões para extrair lítio na região do município de Solonópole. A empresa obteve licenças que cobrem regiões históricas de mineração artesanal, onde anteriormente já foram extraídos lítio, nióbio e estanho. No local, foram identificadas cerca de 20 “minas de pequena escala” na pesquisa de campo.
Segundo a pesquisadora e professora de Mineralogia da Universidade Federal do Ceará, Irani Clezar, a extração do lítio não é simples e pode custar caro, exigindo grandes investimentos. Ela explica que como o mineral encontra-se na natureza misturado a outros elementos, a indústria precisa separar esses materiais. “No Ceará, o lítio encontra-se em rochas silicáticas e para extraí-lo é necessário um método mais complexo porque demanda uma planta de beneficiamento mais cara, precisa de mais energia para retirar o lítio de dentro dessas rochas.”
Porém, ela ressalta que, com o aumento da demanda mundial, a tendência é que o investimento passe a compensar. Dados do Banco Mundial indicam que a demanda mundial pelo lítio deve aumentar em quase 1.000%. “Se a indústria precisar de muito lítio, esse caro não se torna tão caro assim”, disse. Isso explica o porquê de muitas empresas internacionais já estarem buscando esse recurso em novas fontes, pois os atuais produtores não darão conta da crescente demanda.
Segundo dados do Anuário Mineral Estadual de 2019, publicação da Agência Nacional de Mineração (ANM), ainda não existem reservas aprovadas de minério de lítio no Ceará. Mesmo assim, a expectativa é de que esse cenário mude rapidamente. Caso o projeto da Oceana Lithium em Solonópole avance, é provável que novas companhias de mineração busquem essa região em busca de lítio.
Clezar ressalta que nesse momento o investimento em pesquisa para o setor é fundamental, cabendo ao Estado financiar tais estudos. “O Estado pode entrar com subsídios para auxiliar tanto a pesquisa acadêmica, que é feita pelas universidades, como a pesquisa técnica ou comercial realizada por empresários via Agência Nacional de Mineração”.
De acordo com o secretário executivo da indústria da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) do Ceará, Joaquim Rolim, o Ceará já se destaca na exploração de Lítio. “Existem pesquisas sendo feitas tanto pelo governo federal, por meio do Serviço Geológico do Brasil, com um projeto já em andamento para as áreas/municípios de Solonópole e Cristais, além da presença de empresas privadas na região conduzindo estudos mais focados nas áreas que eles requereram junto a Agência Nacional de Mineração para explorar.”
Ainda segundo o secretário da SDE, o Estado do Ceará pretende continuar atraindo empresas e investindo em pesquisas, através da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará e outros órgãos, “a fim de gerar informações geológicas de maneira célere para contribuir para a confirmação das reservas cearenses de lítio além de outros elementos demandados pelo setor, para a atrair empresas que visem à produção de compostos e baterias de lítio, de veículos elétricos, com intuito de acelerar a transição energética que o mundo vem passando”.



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