Grupo de André vai contra maioria do partido, diz Lia Gomes

Para a deputada, Figueiredo pode fazer o PDT “caber dentro de um fusca”. Apoiadores de Cid buscam sua recondução à presidência da sigla no estado

O movimento do deputado federal André Figueiredo (PDT) de destituir o senador Cid Gomes (PDT) da presidência do diretório estadual do PDT na última segunda-feira (2) acirrou a divisão dentro do partido, com uma conciliação parecendo cada vez mais distante. Como resposta à sua destituição, Cid convocou uma nova reunião do diretório para definir o comando do partido. Os pedetistas que o apoiam correm contra o tempo para reunir assinaturas de pelo menos um terço dos membros do diretório, condição prevista no estatuto, para a convocação de uma nova eleição para a presidência do partido no estado. A expectativa é de que a escolha seja feita no dia 16 de outubro. 

Para a deputada estadual Lia Gomes (PDT),em um contexto que antecede as eleições municipais de 2024, diante dessa disputa interna, com a troca de comando do partido, o PDT fica em uma situação vulnerável. “Com o pleito se avizinhando,  cada partido está buscando formar candidatos viáveis e isso coloca nosso partido em uma situação muito vulnerável. Passa a imagem aos líderes municipais que não existe estabilidade no partido e que eles podem, por exemplo, ter a candidatura cassada no futuro”. Segundo ela, Cid, no papel de presidente estadual do partido, vinha tentando trazer mais estabilidade à sigla, preparando o terreno para 2024.

De acordo com Lia, Cid não tinha a intenção de assumir a presidência do PDT no Ceará, mas resolveu atender a pedidos dos seus apoiadores no partido. “Ele foi convocado pela maioria dos prefeitos, maioria dos deputados estaduais e maioria dos deputados federais”, disse. Lia também afirmou que havia um acordo para o revezamento da presidência e, quando chegou a  vez de Cid assumir, ele abriu mão do cargo a pedido do próprio André.

Lia o criticou ao dizer que o atual presidente do partido, a nível estadual e nacional, ao causar mais instabilidade, arrisca reduzir a sigla. “Eu penso que o André quer hoje um grupo majoritário sem se importar se o PDT vai ficar cabendo dentro de um fusca, mas se couber dentro de um fusca (...) vão ser três deputados estaduais, um federal e um prefeito. O partido, que é o maior partido do estado, passaria a caber dentro de um fusca”, disse ao fazer referência ao fato de que o grupo que apoia André Figueiredo é minoritário.

Para ela, no atual contexto, o movimento de Figueiredo e aliados representa “a posição de uma minoria se impondo a maioria esmagadora do partido”.

Outros pedetistas da ala do partido aliada a Cid Gomes elogiaram o período em que o senador esteve como presidente do partido, que iniciou em julho e foi encerrada no início deste mês. “O PDT teve uma grande mudança em todos os aspectos. Nunca houve tanto diálogo. Todo mês havia reunião de diretório com microfone aberto a todos os membros, a cada quinze dias havia reunião das executivas,  onde todas as discussões e condições só eram aprovadas com a reunião e aprovação da executiva”, relatou o deputado estadual Marcos Sobreira (PDT), que foi vice de Cid à frente da presidência do partido.

Ele afirmou que havia um acordo para que Cid ficasse na presidência no PDT no Ceará até o final do ano, durante a licença de André Figueiredo e, posteriormente, Cid apoiaria André na reeleição para o cargo. O acordo teria sido rompido quando André destituiu Cid. “Não foi correta (a decisão de destituir Cid), não ouviu os deputados federais, estaduais, prefeitos, não ouviu quem está no interior (...). Acho que, como em qualquer agremiação, a maioria deve prevalecer. Isso é democracia.”

Ele acredita que Cid é a liderança que pode buscar reunir a maioria do PDT no Ceará, contando com o apoio de cerca de 80% dos membros do partido, segundo Sobreira. “Espero que, em breve, o diretório possa reparar (a destituição de Cid) e nós possamos ter o Cid de volta, reconduzindo, reconstruindo, unificando e deixando o PDT ainda maior.”



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