A ideia de cidades com fiação subterrânea já é uma realidade em diversos locais do Brasil. No Ceará, em Jericoacoara, por exemplo, a medida já foi aplicada, o que o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado (CAU-CE), Lucas Rozzoline, considera um motivo de orgulho. Ele explica que, além de um impacto visual, a fiação aérea também gera questões ambientais e problemas de segurança. “É comum ouvirmos histórias de pessoas que se acidentam por queda de fiação, descargas elétricas e até mesmo de caminhões que passam, derrubam os fios e causam danos para o bairro inteiro”, exemplifica, acrescentando que as árvores precisam ser constantemente podadas por conta dos fios.
Desde 2019, a capital cearense possui um plano nesse sentido. O Art. 515 do Código da Cidade discorre sobre a internalização da fiação em Fortaleza, abrangendo as instalações de redes de distribuição de energia elétrica, telefonia, internet, fibra óptica, televisão a cabo e outras atividades similares em logradouros públicos. Atualmente, já é possível observar a mudança em espaços como a Praça do Ferreira, a Avenida Monsenhor Tabosa e a Avenida Aguanambi. Pelo Código, as concessionárias têm um prazo de dez anos para internalizar os fios no bairro Centro e de 15 anos para adequar as demais regiões da cidade. Desse modo, a expectativa é que, até 2034, Fortaleza inteira deixe de ter fiação aérea.
De acordo com o presidente do CAU-CE, a adoção da medida dificultaria, inclusive, a subtração ilegal de fios, que têm se tornado um problema recorrente em todo o território cearense. Entre janeiro e setembro deste ano, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) registrou 257 ocorrências de furto de cabos, fios elétricos ou ópticos. No mesmo período do ano passado, foram 362 casos semelhantes.
Obstáculos
Procurada pela reportagem, a Enel Distribuição Ceará, por sua vez, detalhou que a implantação de redes subterrâneas é um tema federal, regido por meio do Contrato de Concessão e de resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que define o valor mínimo do custo global para as novas redes e contribui com a redução da tarifa de energia elétrica. “A companhia entende que a lei municipal interfere na decisão federal e impacta na competência e no custo de energia de todos os clientes do estado do Ceará, chegando a ser até 10x mais cara para o consumidor. Atualmente, a empresa, assim como em outros estados, está discutindo o tema judicialmente”, disse a distribuidora.
Para Rozolline, no entanto, as principais dificuldades existentes estão relacionadas com o próprio espaço já construído. “Se você for enterrar toda a fiação do centro de Fortaleza, a dificuldade vai ser grande porque depende da organização do horário de obras. As vias deverão ser fechadas e isso causará impacto para pedestres e veículos. Portanto, se for feito, deve ser feito por fases, o que é muito mais trabalhoso. E claro, existe um custo de tudo isso. Porém, o impacto positivo é muito alto”, defende.
Nesse contexto, o presidente do CAU-CE também destaca a necessidade do cuidado do controle da qualidade dos fios. “Contratações públicas e licitações vão ter que ser muito bem feitas considerando normas técnicas de relevância nacional que exigem e deixam claro qual é o tipo de cabeamento que deve ser utilizado. Esse cabeamento emite eletricidade. Então, principalmente em época de chuvas, é primordial a garantia de que não tenha nenhum tipo de vazamento de eletricidade para a corrente de água, nem para o lençol freático, nem para o próprio solo e nem para outros elementos construídos”, alerta.
O representante do Conselho pontua que os sistemas de água e esgoto já percorrem o subsolo. “Se fôssemos pensar só na questão de facilidade de manutenção, faríamos esgoto a céu aberto com tubulação a nível do solo, mas não é isso que é feito. Então, o princípio da condução da energia elétrica é o mesmo de qualquer outro sistema de instalação”, opina. A Prefeitura de Fortaleza ressalta que o trâmite legal para novos processos inclui a fase de licenciamento, que deve ser solicitada por meio do canal do Urbanismo e Meio Ambiente no endereço urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br.
Por Yasmim Rodrigues
Ressalva do face do macario - Em Sobral isso ocorre desde o governo municipal de Veveu Arruda, havia mais de 20 anos.Fortaleza deverá ter fiação totalmente subterrânea até 2034
terça-feira, 21 de novembro 2023
A ideia de cidades com fiação subterrânea já é uma realidade em diversos locais do Brasil. No Ceará, em Jericoacoara, por exemplo, a medida já foi aplicada, o que o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado (CAU-CE), Lucas Rozzoline, considera um motivo de orgulho. Ele explica que, além de um impacto visual, a fiação aérea também gera questões ambientais e problemas de segurança. “É comum ouvirmos histórias de pessoas que se acidentam por queda de fiação, descargas elétricas e até mesmo de caminhões que passam, derrubam os fios e causam danos para o bairro inteiro”, exemplifica, acrescentando que as árvores precisam ser constantemente podadas por conta dos fios.
Desde 2019, a capital cearense possui um plano nesse sentido. O Art. 515 do Código da Cidade discorre sobre a internalização da fiação em Fortaleza, abrangendo as instalações de redes de distribuição de energia elétrica, telefonia, internet, fibra óptica, televisão a cabo e outras atividades similares em logradouros públicos. Atualmente, já é possível observar a mudança em espaços como a Praça do Ferreira, a Avenida Monsenhor Tabosa e a Avenida Aguanambi. Pelo Código, as concessionárias têm um prazo de dez anos para internalizar os fios no bairro Centro e de 15 anos para adequar as demais regiões da cidade. Desse modo, a expectativa é que, até 2034, Fortaleza inteira deixe de ter fiação aérea.
De acordo com o presidente do CAU-CE, a adoção da medida dificultaria, inclusive, a subtração ilegal de fios, que têm se tornado um problema recorrente em todo o território cearense. Entre janeiro e setembro deste ano, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) registrou 257 ocorrências de furto de cabos, fios elétricos ou ópticos. No mesmo período do ano passado, foram 362 casos semelhantes.
Obstáculos
Procurada pela reportagem, a Enel Distribuição Ceará, por sua vez, detalhou que a implantação de redes subterrâneas é um tema federal, regido por meio do Contrato de Concessão e de resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que define o valor mínimo do custo global para as novas redes e contribui com a redução da tarifa de energia elétrica. “A companhia entende que a lei municipal interfere na decisão federal e impacta na competência e no custo de energia de todos os clientes do estado do Ceará, chegando a ser até 10x mais cara para o consumidor. Atualmente, a empresa, assim como em outros estados, está discutindo o tema judicialmente”, disse a distribuidora.
Para Rozolline, no entanto, as principais dificuldades existentes estão relacionadas com o próprio espaço já construído. “Se você for enterrar toda a fiação do centro de Fortaleza, a dificuldade vai ser grande porque depende da organização do horário de obras. As vias deverão ser fechadas e isso causará impacto para pedestres e veículos. Portanto, se for feito, deve ser feito por fases, o que é muito mais trabalhoso. E claro, existe um custo de tudo isso. Porém, o impacto positivo é muito alto”, defende.
Nesse contexto, o presidente do CAU-CE também destaca a necessidade do cuidado do controle da qualidade dos fios. “Contratações públicas e licitações vão ter que ser muito bem feitas considerando normas técnicas de relevância nacional que exigem e deixam claro qual é o tipo de cabeamento que deve ser utilizado. Esse cabeamento emite eletricidade. Então, principalmente em época de chuvas, é primordial a garantia de que não tenha nenhum tipo de vazamento de eletricidade para a corrente de água, nem para o lençol freático, nem para o próprio solo e nem para outros elementos construídos”, alerta.
O representante do Conselho pontua que os sistemas de água e esgoto já percorrem o subsolo. “Se fôssemos pensar só na questão de facilidade de manutenção, faríamos esgoto a céu aberto com tubulação a nível do solo, mas não é isso que é feito. Então, o princípio da condução da energia elétrica é o mesmo de qualquer outro sistema de instalação”, opina. A Prefeitura de Fortaleza ressalta que o trâmite legal para novos processos inclui a fase de licenciamento, que deve ser solicitada por meio do canal do Urbanismo e Meio Ambiente no endereço urbanismoemeioambiente.fortaleza.ce.gov.br.
Por Yasmim Rodrigues
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