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No discurso de posse, Milei diz que 'serão tempos difíceis'

 Buenos Ayres (Argentina) ESPECIAL - O novo presidente da Argentina, Javier Milei, disse várias vezes a palavra 'ajuste', ratificou que 'não há dinheiro' e citou seu versículo bíblico preferido.

Milei desfila em carro aberto após discurso de posse. (Foto: Fernando de la Orden).

Com a faixa presidencial, Milei discursou na escadaria do Congresso Nacional, olhando para o público concentrado na praça em frente ao parlamento. O novo presidente da Argentina inovou assim o protocolo histórico do país, não realizando seu primeiro discurso, após a posse, para os parlamentares. Como fez na campanha presidencial, Milei optou por falar diretamente aos seus apoiadores.O discurso de Milei foi baseado em dois pilares: a difícil herança econômica e social que recebe do governo do ex-presidente Alberto Fernández e os ajustes que os argentinos sofrerão nos primeiros meses de seu governo. "Serão tempos difíceis", disse, sob sol forte. Milei reconheceu que a inflação, que chegou a 142% nos 12 meses até outubro deste ano, continuará subindo com as primeiras medidas da sua administração (liberação de preços, como no caso dos planos de saúde, e a retirada gradual dos subsídios que hoje reduzem o preço final das passagens dos transportes públicos). O discurso de Milei foi centrado, principalmente, na atual situação econômica argentina. Ele citou números ao falar sobre as dívidas do Banco Central, do Tesouro e com organismos internacionais (FMI, principalmente). "Isso tudo é uma bomba em termos de dívidas", disse Milei. "Não temos outra alternativa a não ser o ajuste", disse. Segundo ele, somente através dos cortes, a Argentina poderá sair do que ele chamou de "decadência". "Não há dinheiro. Precisamos ajustar. Haverá inflação, mas não será muito diferente do que vimos nos últimos 12 anos (de kirchnerismo). Mas esse será o último momento ruim antes de começarmos a reconstrução da Argentina", disse. O novo presidente da Argentina afirmou ainda que depois dos "tempos difíceis" surgirá "a luz no fim do túnel". Será um teste e tanto para os argentinos e para sua capacidade de governabilidade, sem a maioria das cadeiras no Congresso Nacional. Mas, apesar dos anúncios de tempos ainda mais difíceis que os atuais, o público, na praça do Congresso, reagiu com gritos de apoio: "Milei, querido, o povo está contigo". E ainda: "Sim, é possível". Milei falou sobre o alto índice de pobreza no país (45%, segundo dados oficiais), sobre a evasão escolar no país que foi um dos primeiros no mundo a ter erradicado o analfabetismo, no início do século 20, que não tolerará os protestos com bloqueio de ruas e estradas ('aquele que o fizer perderá o programa social', disse). E enfatizou: "A situação é crítica, é de emergência". Milei, que assume a Casa Rosada após uma carreira política meteórica, apenas dois anos depois de ter sido eleito deputado pela primeira vez, citou no seu discurso duas das suas frases preferidas - 'No hay plata' (Não tem dinheiro) e 'as forças do céu' (versículo bíblico do Livro dos Macabeus que ele citou pela primeira vez quando assumiu como deputado). Na posse, como então deputado, a bancada de seu partido A Liberdade Avança (LLA) era formada por ele e por sua agora vice-presidente Victoria Villarruel. No seu discurso de posse, neste domingo (10), Milei não falou, porém, em duas das suas bandeiras de campanha - 'dinamitar o Banco Central' e 'dolarizar a economia'.

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