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Polícia brasileira faz buscas à casa de filho de Bolsonaro
Carlos Bolsonaro é suspeito de ter sido destinatário de informações da “Abin paralela”, serviço de inteligência do estado que terá agido a favor da família do ex-presidente e contra rivais
João Almeida Moreira, São Paulo
Polícia brasileira faz buscas à casa de filho de Bolsonaro
Carlos Bolsonaro
A Polícia Federal do Brasil (PF) cumpriu na manhã desta segunda-feira, 29, mandados de busca e apreensão na casa de Carlos Bolsonaro, o segundo dos cinco filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro. O vereador do Rio de Janeiro é suspeito de ter sido destinatário de informações ilícitas recolhidas pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo do pai.
Segundo a PF, as medidas cumpridas têm como objetivo “avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin”. Do gabinete de Carlos, os agentes levaram um notebook, computadores desktop e documentos.
Outro dos locais em que a PF cumpre mandado de busca e apreensão é a casa de Bolsonaro em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, de onde Carlos transmitiu uma live com o pai e os irmãos Flávio e Eduardo na noite de domingo, 28.
Segundo coluna do jornal Folha de S. Paulo, o vereador acordou com a notícia de que era um dos alvos da PF e saiu, de lancha, com o pai e os irmãos para pescar.
A ação de hoje da polícia faz parte de uma operação, chamada Última Milha, cuja última atividade havia sido na quinta-feira passada com buscas e apreensões em 21 moradas, incluindo o gabinete do deputado Alexandre Ramagem, do PL, partido de Bolsonaro, ex-diretor da ABIN.
A suspeita é que Ramagem promoveu investigações ilegais a milhares de pessoas, incluindo juízes do Supremo Tribunal Federal (STF), a promotora do caso Marielle Franco e rivais políticos do então presidente e dos seus filhos, Flávio e Renan, envolvidos em problemas com os tribunais.
“Sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram ferramentas da Abin para serviços de contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como, por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro”, lê-se na decisão do juiz do STF Alexandre de Moraes, ele próprio um dos investigados, que permitiu as buscas.
“A utilização da Abin para fins ilícitos é, novamente, apontada pela PF e confirmada na investigação, quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do senador Flávio Bolsonaro”, continua Moraes.
“Ficou patente a instrumentalização da Abin para monitoramento da promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da task force sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que a acompanhava, Anderson Gomes”.
A investigação da PF constatou ainda que governadores, políticos e até juízes do STF teriam sido vigiados por uma organização criminosa infiltrada na agência estatal. Entre os ilegalmente vigiados estariam os magistrados Gilmar Mendes, decano da suprema corte, e o citado Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia e o ex-governador do Ceará Camilo Santana, hoje ministro da Educação do governo do presidente Lula da Silva, do PT.
Andrei Passos Rodrigues, diretor da Polícia Federal, já afirmara que “a investigação tem apurado que de facto houve durante um período a vigilância de muitas pessoas, estima-se em torno de 30 mil, clandestinamente, ou seja, de maneira ilegal”. Em entrevista à Globonews, disse que “esses dados de vigilância dos cidadãos brasileiros estavam armazenados em nuvens em Israel, porque a empresa responsável por essa ferramenta é israelita”.
A operação Última Milha, deflagrada inicialmente em outubro de 2023, investiga o uso do FirstMile, ferramenta que permite rastrear 10 mil pessoas por ano a partir do número de telemóvel delas.

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