Evento em parceria com o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) debateu os impactos humanitários da violência armada e marcou os 5 anos do CICV na capital cearense


- Em noite de plateia cheia, o Cineteatro São Luiz sediou, nesta terça-feira (21), o evento de pré-lançamento do documentário ‘É mais do que se vê: os impactos invisíveis da violência armada’, produzido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Dores, traumas, sonhos interrompidos e histórias de vida marcadas por esse fenômeno foram tema de reflexões e debates durante o evento realizado pelo CICV em parceria com o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) e com apoio institucional das Secretarias da Cultura e dos Direitos Humanos do Ceará. A programação contou, ainda, com a exibição do curta-metragem ‘Uz Crias na Periferia’, realizado por jovens do CCBJ, além de uma roda de conversa e uma apresentação de teatro popular do ponto de cultura Brincantes Sonoros.

Sob intensos aplausos, os jovens da comunidade Bom Jardim viveram a alegria de ver o curta-metragem que produziram ser exibido em um dos espaços culturais mais importantes da capital cearense. O filme mostra um dia na vida de Maria Clara, uma jovem negra estudante do Ensino Médio que convive com o bullying e o racismo em seu cotidiano. No enfrentamento dessas violências, Maria Clara, seu irmão Pedro e seus amigos provocam uma mudança na comunidade por meio da arte.
Em seguida, o filme ‘É mais do que se vê: os impactos invisíveis da violência armada’ apresentou seis histórias de vidas atravessadas por esse fenômeno, que tem graves consequências humanitárias para a população. Ao longo do documentário, depoimentos de pessoas impactadas são intercalados com cenas de adolescentes e crianças do CCBJ em situações lúdicas, a fim de promover uma reflexão sobre a importância da união de forças para apresentar um horizonte de possibilidades para as comunidades periféricas. No filme, especialistas e autoridades abordam ações em curso e caminhos possíveis para lidar com essa difícil realidade.
Depois da exibição, o chefe da Delegação Regional para Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai do CICV, Alexandre Formisano, integrou uma roda de conversa com a secretária dos Direitos Humanos do Ceará, Socorro França; a secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela; o secretário de Educação de Fortaleza, Jefferson de Queiroz Maia; o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, Luiz Fábio Silva Paiva; e Girliany Costa, mãe de Douglas Barros, jovem que está desaparecido desde 2019. O debate foi mediado por Helena Barbosa, superintendente do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
“Um dos objetivos dessa produção foi mostrar que os fenômenos ligados à violência armada não são isolados. São fenômenos coletivos”, afirmou Formisano. Para o representante do CICV, à medida que as consequências da violência ficam mais visíveis, as respostas para esses impactos acontecem de forma mais direcionada por meio de programas e políticas públicas multidisciplinares.
Luiz Fábio Paiva concorda com a necessidade de lançar luz sobre os efeitos humanitários da violência armada: “Quando há silêncio em torno dos conflitos violentos, há condições de eles se reproduzirem”, afirmou.
Para Girliany, o evento e a participação no documentário foram oportunidades de visibilizar não só a sua luta, mas a do coletivo ‘Mulheres de fé com Esperança’, formado por familiares de pessoas desaparecidas “O Comitê Internacional me apoiou e continua me
apoiando para eu não desistir da luta que é a procura pelo Douglas”, disse.

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