Prefeito de Crateús é afastado e alega perseguição política



Operação do MPCE investiga irregularidades na contratação de serviços de publicidade e locação de máquinas pela Prefeitura
Uma operação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) afastou o prefeito de Crateús, Marcelo Machado (Solidariedade), do cargo por supostas irregularidades na contratação de serviços de publicidade e locação de máquinas pela Prefeitura da cidade no Sertão dos Inhamuns. Também foram afastados os secretários municipais de Infraestrutura, José Airton Felipe Timbó, e de Comunicação Social e Relações Públicas, Francisco Enivaldo De Sousa Sampaio.
Com o afastamento previsto para durar 180 dias, quem assume a Prefeitura nesse período é o vice-prefeito, Dr. Nenzé Bezerra (PSB).
A Operação “Duo Facta” foi deflagrada nessa quinta-feira (16) pelo MP estadual nos municípios de Fortaleza, Canindé, Caucaia e Crateús, por meio da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap) e contou com o apoio da Polícia Civil. Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Crateús, em residências e sedes de empresas. Além disso, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) determinou a suspensão dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, bem como a suspensão do exercício das funções públicas.
O nome da operação, “Duo Facta”, termo em latim que significa “dois fatos”, faz referência ao fato de que a mesma cumpriu duas decisões judiciais relativas a contratações distintas feitas pelo Município, uma envolvendo serviços de publicidade e outra sobre locação de máquinas.
Autopromoção
A gestão de Marcelo Machado na Prefeitura de Crateús recebeu recentemente duas recomendações alertando para a prática de autopromoção. Em fevereiro, o Ministério Público do Ceará recomendou a retirada de um outdoor da Prefeitura que incluía a imagem do prefeito ao lado da frase “Prefeito Marcelo Faz”, o que violaria as diretrizes constitucionais de publicidade institucional, conforme o MPCE.
Outra recomendação feita neste mês de maio pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) fez um alerta parecido. O aviso recomendava que não fossem promovidos candidatos em eventos festivos e por meio de programas sociais custeados pela gestão.
Perseguição política
O Estado procurou a Prefeitura de Crateús para que se manifestasse oficialmente sobre essa operação, mas não houve retorno. Já o prefeito Marcelo Machado e aliados vinham falando sobre uma suposta perseguição política por parte de opositores e um possível afastamento. No dia anterior à operação que o afastou da Prefeitura, Machado participou de uma manifestação com apoiadores. Cartazes continham frases como “Deixa o homem trabalhar” e “Somos contra o gabinete do ódio”, conforme registros nas redes sociais.
Nessa quinta-feira, o prefeito fez uma transmissão ao vivo com um pronunciamento após o afastamento. Sobre a autopromoção, Machado falou que gostaria “que a população fizesse esse julgamento”, mas ressaltou: “a gente tem que respeitar a decisão da Justiça”.
O prefeito defendeu a sua gestão e reforçou a tese de perseguição política, dizendo ser “o prefeito mais humilhado do Brasil” no governo de Camilo Santana (PT) no Ceará. “Nós estamos respondendo injustamente, estamos sofrendo um ataque, não para mim, mas considero que para a população de Crateús (...) meramente por questões políticas”, afirmou. “Por que não vai para as urnas? Vamos para as urnas, disputar o voto a voto com respeito e aí o povo escolhe. (...) Mas o cara atropelar o mandato de um prefeito na reta final do mandato com os projetos todos na rua”, disse, dirigindo-se aos opositores.
Machado está no segundo mandato de prefeito e deve apoiar um candidato à sua sucessão. Já o Dr. Nenzé Bezerra, vice-prefeito que agora passa a comandar Crateús, rompeu politicamente com Machado há poucos meses e declarou apoio à pré-candidatura para a Prefeitura da cidade da senadora Janaína Farias (PT), apoiada pelo ministro da Educação, Camilo Santana.

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