Críticas à fala de Elmano sobre greve de professores



O governador afirmou que as motivações para a greve dos docentes das universidades estaduais “não se justificam”. Sindicatos reagiram
Declaração do governador Elmano de Freitas (PT) a respeito da greve dos professores das universidades estaduais do Ceará gerou críticas de opositores políticos ao longo dessa quarta-feira (5), além de representantes da categoria em questão. No início do dia, Elmano fez uma publicação nas redes sociais sobre o assunto destacando o respeito pela categoria, mas afirmou que as motivações para a paralisação não se justificam.
“Sempre tive e sempre terei absoluto respeito e admiração pelos professores. Na rede estadual de Ensino Superior, nossa média salarial é de 14 mil reais, o que considero justo e legítimo. O que não concordo, sinceramente, é um movimento grevista cujas motivações não se justificam, prejudicando milhares de estudantes. Sempre estarei aberto ao diálogo, franco e respeitoso”, escreveu.
Os professores da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Universidade do Vale do Acaraú (UVA) estão em greve há cerca de dois meses. Os docentes da Universidade Regional do Cariri (Urca) aceitaram a proposta do Governo e deixaram o movimento grevista. Entre as reivindicações, a categoria busca a retomada nas negociações com o Governo do Estado, reposições de perdas salariais, realização de concurso público, convocação do cadastro de reserva, melhorias na infraestrutura e na política de assistência estudantil, entre outros pontos.
O presidente estadual do União Brasil e pré-candidato a prefeito de Fortaleza, Capitão Wagner, afirmou que o governador tentou “colocar a sociedade contra os professores” na sua fala. Também apontou que nem todos os professores recebem o valor citado e, ainda, falou de uma suposta contradição pelo fato de o governador ter um histórico de militância junto aos movimentos sociais e ser filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), ao mesmo tempo que critica o movimento de greve.
O assunto virou tema de debate também na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece). Da oposição, o deputado Cláudio Pinho (PDT) apoiou a valorização salarial dos professores e apontou que há outras demandas do movimento grevista em prol de melhorias nas instituições de ensino superior do estado. "Os professores não estão querendo só isso, não. Eles querem infraestrutura, melhoria estrutural para poder passar o conhecimento para os alunos. Os laboratórios estão sucateados, as universidades estaduais se acabando", afirmou.
Já o líder do bloco governista, deputado De Assis Diniz (PT), rebateu as falas da oposição e afirmou que as negociações seguem abertas entre o Governo e a categoria. Segundo ele, existe uma mesa de negociação permanente para dar continuidade às demais pautas dos grevistas. De Assis afirmou ainda que, após o sindicato dos docentes da Urca fazer um acordo pelo fim da greve, “por questões políticas” os representantes de Uece e UVA continuam o movimento.
“Não podemos admitir que uma carreira estratégica seja colocada em cheque por questões políticas”, acrescentou. Ele relatou haver um acordo firmado com os sindicatos contemplando vários pontos da pauta de reivindicações.
Resposta da categoria
Os sindicatos de Uece, Urca e UVA assinaram juntos uma nota de repúdio à declaração do governador. “Dizer ser injusto o legítimo direito à greve de professoras e professores é tão absurdo quanto não reconhecer que há problemas de infraestrutura nas universidades, que há carência de docentes nos cursos de graduação e que há questões de assistência estudantil que necessitam de soluções urgentes. Tal postura é um atestado de que não conhece os problemas reais que são constitutivos da nossa realidade ordinária”, diz um trecho da nota.

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