Qual é o custo social e ambiental do desperdício de alimentos?

Por Juliana Baladelli Ribeiro
Desperdício de alimentos
Imagem: Getty Images/iStockphoto
A insegurança alimentar é um desafio para a sociedade, em especial aos governantes. No entanto, encaramos com certa naturalidade o descarte de frutas e verduras nas proximidades de mercados ou feiras livres. A desatenção é ainda maior quando jogamos no lixo alimentos esquecidos na geladeira ou produtos que perderam o prazo de validade. O desperdício de alimentos afeta todas as etapas do ciclo de produção, da colheita, beneficiamento, estocagem, transporte, distribuição, embalagem até o consumo.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), cerca de 54% do desperdício de alimentos no mundo acontece nas fases da manipulação pós-colheita e armazenagem. Os outros 46% das perdas ficam nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Em um mergulho mais profundo no tema, o relatório divulgado no ano passado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) revela que, em 2022, mais de um bilhão de refeições foram descartadas todos os dias, sendo que 783 milhões de pessoas enfrentam a fome e um terço da humanidade sofre com a insegurança alimentar.
Outro levantamento da ONU, coloca o Brasil na 10ª posição no ranking de países que mais desperdiçam comida, atrás da Rússia, Eslovênia, Áustria, África do Sul, Bélgica, Índia, Belize, Índia, Irlanda, Polônia e Estados Unidos. Um estudo elaborado pela MindMiners em parceria com a Nestlé, publicado em 2023, identificou que cada brasileiro, todos os anos, joga fora cerca de 60 quilos de alimentos adequados para o consumo. A média global de descarte individual, segundo a PNUMA, é de 74 quilos de comida. E qual o impacto deste cenário para a conservação do meio ambiente? A FAO estima que o custo anual com prejuízos ambientais e sociais do desperdício de alimentos atinge US$ 700 bilhões e US$ 900 bilhões, respectivamente.
Segundo a pesquisadora Milza Moreira Lana, especialista em pós-colheita da Embrapa, o resultado das perdas obedece a uma lógica natural: "quanto mais alimento é jogado no lixo, mais alimento precisa ser produzido para repor aquele que foi posto fora".
Junto com a comida, temos a perda de elementos como água, terras agricultáveis e demais insumos usados no processo de produção, além das consequências negativas na geração de gases de efeito estufa.

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