Sangue do meu sangue

 

Lia Gomes critica associação entre Ciro e Bolsonaro: “não existe paralelo”

Deputada relatou incômodo com associação entre irmão e ex-presidente Jair Bolsonaro, o que vê como forma de desqualificá-lo por ser oposição ao PT

A deputada estadual Lia Gomes (PDT) afirmou nessa terça-feira (10) se sentir incomodada com tentativas de associar o seu irmão, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT), ao bolsonarismo. A associação já foi feita por setores da esquerda, inclusive do PT, a quem Ciro faz oposição, incluindo aos governos do presidente Lula (PT) e do governador Elmano de Freitas (PT).

“Uma coisa que me incomoda muito é compararem o Ciro ao Bolsonaro. Isso me incomoda demais. Assim, não existe paralelo. É uma coisa que não aceito. Não existe paralelo da história do Ciro com a do Bolsonaro, que é um fascista, preconceituoso e desonesto”, disse Lia ao O Estado, após ser perguntada sobre uma discussão que teve em uma sessão da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) com o líder do PT na Casa, o deputado De Assis Diniz.

No último dia 13 de agosto, Lia entrou em choque com o colega que associou Ciro ao bolsonarismo. Em sua fala, ela exaltou a trajetória de Ciro na política e acusou De Assis de fazer uma “campanha sórdida” para desqualificar a história do pedetista.

Ela considera que Ciro é alvo de uma campanha de desqualificação por fazer oposição ao PT e defende o legado do irmão, referindo-se a ele como “um governador excepcional” quando esteve no comando do Estado do Ceará entre os anos de 1991 e 1994. “É uma tentativa, sem dúvida, de tirar o impacto das coisas que ele fala”, comentou Lia nessa terça-feira.

Eleições municipais

Ativo nas eleições municipais do Ceará, Ciro tem participado de atos políticos e, com frequência, feito discursos com duras críticas à administração estadual, liderada por Elmano de Freitas (PT), sobretudo em questões como segurança pública, entre outras, além de fazer acusações de corrupção. Ciro tem apoiado, em sua maioria, candidatos de oposição ao grupo político atualmente no Governo do Estado.

Uma exceção é Sobral, berço político da família Ferreira Gomes, onde Ciro já disse que não iria contra os irmãos Cid e Lia, que apoiam a candidatura de Izolda Cela (PSB). Entre outras cidades, alguns destaques são Fortaleza, onde Ciro apoia o atual prefeito José Sarto (PDT); Caucaia, onde apoia Emilia Pessoa (PSDB) e Juazeiro do Norte, onde apoia o prefeito Glêdson Bezerra (Podemos).

Relação política e familiar

No PDT, Lia faz parte da ala do partido ligada ao senador Cid Gomes, seu irmão, que hoje está no PSB e é rompido com Ciro. Lia e Cid são aliados do PT no Ceará. Ela, inclusive, integra a base do governo de Elmano de Freitas na Alece. PT e PDT estiveram juntos em uma aliança no Ceará que durou até 2022, quando houve divergências em torno do nome do grupo para a candidatura ao Governo do Estado naquele ano. Desde então, o PDT também passou por uma divisão que culminou no processo de desfiliação de Cid e aliados do partido, paralelo ao rompimento entre Cid e Ciro.

Estando politicamente do lado de Cid, Lia diz que separa a questão político-partidária da familiar e defende os dois irmãos. “Eu consigo entender os motivos de cada um para as coisas terem ido para onde foram e eu busco separar. Não vou deixar nunca alguém falar mal do Ciro na minha frente”. Perguntada sobre o clima familiar passados quase dois anos do rompimento político entre os irmãos, Lia relatou que “o clima vem melhorando, mas que ainda vai (precisar de) algum tempo”.

Por Igor Magalhães